quarta-feira, dezembro 31, 2003

Até para o ano
Bem sei que isto está deserto há longas semanas, mas não há nada a fazer: não tenho tido tempo nem disposição.
Todavia, sempre se arranjam uns segundos para vir desejar um melhor 2004...

quinta-feira, novembro 27, 2003

Volta a Portugal em disparates
A Agência Lusa disponibilizou hoje um conjunto de "notícias" sobre as oito cidades e dez estádios que vão acolher a fase final do Euro 2004.
Tenho, por razões profissionais, acesso ao trabalho daquela agência noticiosa. Todos os dias passo os olhos pelo material disponibilizado. E o que vi hoje deixou-me à beira da gargalhada: aquilo é uma verdadeira volta a Portugal em disparates.
Querem ler algumas pérolas? Cá vai:
Faro: dista cerca de 290 km de Lisboa (...) Por auto-estrada chega-se da capital através da A2 (auto-estrada do Sul) que quase que as serve. O recurso ao IC1 e ao IP4 são boas opções complementares.
Leiria: cidade de interior, fica no entanto relativamente perto da costa. A 25 km de Leiria encontra-se o santuário de Fátima, um dos mais conhecidos do culto mariânico.
Coimbra: A cidade, da província da Beira Litoral, situa-se bem na região centro do país, quase no litoral. Cresceu nas margens do rio Mondego, tendo a jusante a Figueira da Foz.
Aveiro: Situa-se na região Norte de Portugal, um pouco a Sul do Porto (Beira Litoral). Localidade costeira, com um porto de mar importante até ao início do século passado, é marcada pela ria, onde desaguam vários rios, o maior dos quais o Vouga.
Nem sei bem como classificar o trabalho da Lusa. É impossível perceber onde foi o jornalista (sempre o mesmo) inspirar-se para escrever aquilo tudo.
Aqueles textos correm, a esta hora, muitas redacções de jornais, rádios e televisões quer por cá quer pela Europa (pelo menos).
Desgraçados dos turistas que acreditem no que vão ler, ver ou ouvir...

domingo, novembro 23, 2003

Maria Rita
Fantástico! "Encontros e despedidas" - original de Milton Nascimento - interpretado por Maria Rita. Vim aqui de propósito só para vos dizer isto.
Maria Rita, filha de Elis Regina, gravou agora o seu primeiro disco, aos 26 anos (creio), e está a fazer sucesso no Brasil. O CD chegou agora a Portugal e fui a correr comprá-lo. Estou agora a ouvi-lo com atenção e digo-vos que é verdadeiro o ditado popular: "quem sai aos seus..."
Maria Rita é dona de uma voz fabulosa. Como a mãe.

quinta-feira, novembro 20, 2003

"Irreverentes"
Só hoje me apercebi da extensão do comportamento dos meninos da selecção de futebol sub-21 depois do jogo em França.
As imagens que vi são bem ilustrativas da barbaridade de uns quantos imbecis arvorados em vedetas nacionais e, já, internacionais do chuto na bola. No mínimo, e sem castigos internacionais, nunca mais vestiam a camisola da selecção nacional.
Li também que a Federação de Futebol garante que os meninos vão pagar os estragos, pedir desculpas, sei lá mais o quê.
Mas ouvi agora numa televisão qualquer o presiente da federação garantir que vai exigir um pedido formal de desculpas ao seleccionador francês, porque este terá dito que os portugueses não estavam no seu estado normal.
É preciso lata!
O episódio de terça-feira, e dias seguintes, em França é bem elucidativo do que é o futebol: primeiro, os meninos partiram o balneário todo; depois, o selecionador francês vem com aquela do "estado normal" e fala numa seringa esquecida no balneário; em resposta, o médico da selecção nacional responde para garantir que o que estará na seringa é um anti-inflamatório; por fim, o presidente da Federação exige desculpas.
Isto é o que eu conheço, porque há ainda uma referência qualquer ao facto dos responsáveis portugueses tere, recusado um qualquer controlo anti-doping.
Tudo muito "instrutivo", especialmente quando envolve jovens com 21 anos ou menos.
Depois queixam-se, ou remetem para a "irreverência"...

sexta-feira, novembro 14, 2003

E não se pode mudar a Justiça?
Hoje perdi mais uma manhã no tribunal. Sou, apenas, testemunha de um amigo, mas senti-me tratado como "proto-delinquente".
Em primeiro lugar, pelas instalações indignas que nos são reservadas (um simples átrio, com poucas cadeiras e, mesmo estas, de madeira).
Depois pela forma como os funcionários nos tratam (abaixo de cão e do cimo de uma importância que suponho não terem).
Em terceiro lugar, ainda o modo como os funcionários se dirigem a quem espera naquelas condições, tentando obter um silêncio que obviamente não podem exigir: se não há instalações decentes, a culpa não é nossa.
Em quarto lugar, pelo desrespeito máximo: duas horas e meia à espera... para saber que tenho de lá voltar na próxima semana. O mesmo que acontecera há 15 dias...
A propósito, já repararam como a coisa funciona dentro da sala de audiências? Por que razão as testemunhas (e o próprio arguido têm de ficar de pé? Não vos cheira um pouco ao pré-25 de Abril de 74? A mim cheira.

domingo, novembro 09, 2003

Hipocrisia.media II
Li agora o que Pacheco Pereira escreveu sobre os mesmos textos do "Público". Ele defende que não há objecções à "actividade política legítima de qualquer jornalista, incluindo o exercício de funções como autarca, deputado, dirigente partidário, etc".
Já se viu que não estou de acordo e para ilustrar o desacordo permitam que aqui deixe dois exemplos da minha "parvónia".
A. era há alguns anos jornalista de um semanário ligado à Igreja Católica; entretanto, fundou um mensário na terra dele - de que é director - e viu-se nomeado director da "casa da cultura" local; nas anteriores eleições autárquicas, foi candidato à Assembleia Municipal pelo PSD (partido maioritário), desempenhando hoje as funções de secretário da respectiva Mesa; mais tarde, fundou uma empresa editora de livros e outras publicações; há coisa de um mês foi designado presidente do Conselho de Administração de um outro semanário e, uma semana depois, director da publicação; que se saiba, apenas prescindiu do lugar no semanário da Igreja.
L. é chefe de redacção do "tal" semanário da Igreja Católica. Tal como A., também é director do jornal da terra dele e, ainda como A., também concorreu pelo PSD à Assembleia Municipal do concelho dele (por acaso o PSD também é maioritário).
Ambos os "jornalistas" não se coibiram de assinar entrevistas a autarcas do seu partido, mas isso aqui pouco importará.
O importante é perceber se se pode efectivamente servir dois senhores e se é humanamente possível separar absolutamente as águas, como se um hemisfério do cérebro pensasse política (ou negócios, ou cultura, ou desporto) e a outra pensasse jornalismo.
O melhor exemplo de que é impossível separar as águas é dado pelo "jornalismo desportivo", principalmente a norte: tudo pelo FC Porto, nada contra o FC Porto. Mas isto também os deputados e outros políticos praticam...
Hipocrisia.media
Leio hoje no "Público" (aqui, aqui e aqui) mais uns quantos escritos sobre o "trânsito" de jornalistas entre as redacções dos órgãos de comunicação social e assessorias diversas, com destaque para as políticas.
Eu, que sou do meio e me gabo de ter alguma memória, não me lembro de indignações semelhantes em ocasiões anteriores.
Não me lembro de, no final do governo de Cavaco Silva, ter ouvido (ou lido) qualquer coisa de semelhante; não me lembro de, há menos de dois anos, ter lido ou ouvido sequer uma interrogação sobre o destino dos assessores dos membros do governo de Guterres.
Não me lembro, igualmente, de notícias sobre inqueitações em torno de ex-assessores de autarcas, candidatos a PR, responsáveis de empresas públicas, etc, etc. Não me lembro, igualmente, de qualquer laivo de inquietação ou indignação sobre jornalistas/políticos, jornalistas/opinadores, jornalistas/candidatos. Ninguém se inquieta por o presidente do Sindicato ter sido candidato da CDU, ninguém se questiona por tantos e tantos jornalistas tomarem posições políticas em abaixo-assinados, ninguém se inquieta por haver cada vez mais jornalistas a assinarem textos de opinião nos jornais onde escrevem notícias.
Cai agora o "Carmo e a Trindade" por causa de Fernando Lima. Talvez até caia bem: parece-me excessivo que o senhor tenha transitado quase directamente de um gabinete ministerial para a cadeira de director do "Diário de Notícias".
Mas, quanto a mim, o que está mal é que o senhor (todos os senhores e senhoras) possa regressar à profissão antes de decorrido muito tempo (nunca menos de um ano?). E não me venham dizer que podem regressar desde que não seja para a área que assessoraram: a verdade é que, dentro da redacção, podem perfeitamente continuar a influenciar os escritos, com o inconveniete suplementar de quem lê não saber quem efectivamente escreveu...
Estas posições tresandam a hipocrisia.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Grandes líderes
Já tínhamos o “estou-me cagando para o segredo de justiça” e agora, li há minutos no “Público”, temos o “quero que o Roger se f...”.
A coisa está a melhorar, com a vantagem de esta última declaração não ser conhecida na sequência de qualquer escuta telefónica.
Sábado, o presidente do Benfica parace que não gostou da pergunta de um jornalista (um jornalista de desporto a fazer uma pergunta incómoda só por si devia ser notícia...) e respondeu como se lê acima.
Assim é que é! Creio mesmo que aquelas duas figuras públicas – respectivamente Ferro Rodrigues e Manuel Vilarinho – estão no caminho certo. Já não vale a pena disfarçar: as nossas "figuras" são de facto o espelho do país.
Falam como o povo, nas esperança de que assim o povo os perceba...
Vilarinho deixa de ser presidente do Benfica dentro de uma semana, mais dia menos dia. E Ferro?
É bem feito
Soube só hoje (vejam como sou distraído...) que Sª Exª o primeiro-ministro foi apupado na inauguração do campo de futebol do Benfica.
É bem feito.
Em primeiro lugar, ninguém manda os políticos continuaram a misturar-se com o futebol.
Em segundo lugar, e mais importante, é bem feito porque Durão comprovou a justeza do "Roma não paga a traidores".
Durão, é bom não esquecer, é o primeiro-ministro de um Governo que tem (ou teve) como secretário de Estado no Ministério das Finanças um tipo que negociou em nome do Benfica as dívidas do clube ao fisco e Segurança Social. Durão é o mesmo presidente do PSD que, enquanto candidato a PM, não hesitou em se sentar à mesa com Vilarinho numa qualquer acção de campanha e ouvir este dizer que ali estava para resolver os problemas do Benfica.
Que, recordemos, foram aparentemente "resolvidos" de uma maneira (ou de várias maneiras) no mínimo bizarra.
Muitos portugueses (eu incluído) pensaram, então, que Durão estava a trair os interesses do País.
Sábado percebeu que essas coisas não se pagam. E como se deve ter lembrado das semelhanças entre o redondel de um campo de futebol e o circo romano...
E não se pode demiti-lo? Ou, ao menos, calá-lo?
O senhor bastonário da Ordem dos Advogados parece muito mais uma “picareta falante” que o ex-PM António Guterres. Não sei se se lembram que era este o seu “petit nom” enquanto apenas secretário-geral do PS: tinha opinião sobre tudo, bastava-lhe um microfone à frente para começar a debitar.
José Miguel Júdice está pior. Muito pior. Doentiamente pior. Oportunisticamente pior.
O bastonário da AO tomou posse em Janeiro de 2002, e tanto quanto me lembro entrou relativamente “de fininho”, propondo muita coisa mas, fundamentalmente, falando para dentro da Ordem (ler aqui).
Entretanto, tudo mudou. Onde propunha um “congresso da Justiça”, onde deviam caber todos os seus agentes, agora guerreia tudo e todos. E, durante mais de uma ano, andou calado quanto à denúncia dos abusos e da não garantia dos direitos dos cidadãos perante a Justiça.
De repente, Júdice assestou baterias sobre tudo o que mexesse. Ministério Público, juízes, etc, etc. Não há dia em que não haja uma declaração de Sª. Exª.
A semana passada – por muito que agora o negue – pediu a demissão do Procurador Geral da República. Agora escreve-lhe uma carta aberta (ler aqui), onde desanca o responsável pela investigação do caso Casa Pia.
Tenho uma vaga ideia de que, entre tantas escutas telefónicas, há uma ou mais que o envolve. Tenho ideia de que foi publicado (e não desmentido) que Júdice falou com António Costa sobre a situação de Paulo Pedroso.
Júdice devia ter vergonha, calar-se ou demitir-se. Os advogados deviam ter vergonha, mandá-lo calar ou ajudá-lo a demitir-se.

domingo, outubro 26, 2003

Para memória futura
Desculpem, eu sei que não se deve fazer isto, mas sei também que as edições anteriores do "Público" desaparecem e este texto merece ser guardado.

Segredo de quê?
A culpa é do sistema. Em Maio, o bastonário da Ordem dos Advogados e dirigentes do PS discutiram documentos em segredo de justiça. O bastonário não considerou que tal colidisse com o seu cargo e os dirigentes do PS também não. Em Outubro, o mesmo bastonário sugeriu que se pusesse termo ao procurador-geral da República porque este não põe termo às fugas ao segredo de justiça. No mesmo mês de Outubro, o PS considera também que as fugas ao segredo de justiça visam destruir os dirigentes daquele partido.
Ou seja, em Maio, para evitar a prisão de Paulo Pedroso, a direcção do PS procurou tirar benefício das violações do segredo de justiça. Em Outubro, a mesma direcção considera que as violações do segredo de justiça fazem parte da cabala, maquinação, urdidura, campanha... contra o PS e clama contra as violações contra o segredo de justiça. Afinal, em que ficamos?
Quer o bastonário da Ordem dos Advogados quer a direcção do PS reagiram à divulgação das transcrições das escutas telefónicas como um bando de miúdos que tivessem conseguido entrar fora de horas num supermercado para provar umas guloseimas. Uma vez descobertos, fazem tábua rasa do acto que praticaram, proclamam-se vítimas e acusam o segurança de ter adormecido e não os ter visto entrar. O que foram lá fazer? Isso agora não interessa nada. E já agora como é que os senhores souberam que nós lá entrámos?
O que chocou os portugueses na transcrição das escutas não foi ouvirem Ferro Rodrigues dizer que se estava "cagando para o segredo de justiça". Aliás é a única coisa de mais genuíno que ali se entende. Porque o que chocou os portugueses foi precisamente não os perceberem indignados com o que lhes estava a acontecer. Teria sido humano que aqueles homens gritassem ir dar uma sova no procurador ou em quem tivesse inventado tudo aquilo. Mas nada disso se ouviu. Apenas combinações de contactos. O que chocou foi não haver emoção mas sim esquemas.
De mau a piau. A velha boca dos anarquistas nos anos 70 ainda deve ser a melhor definição para as violações do segredo de justiça em Portugal. O segredo de justiça está, neste momento, em Portugal, ao nível das licenças de isqueiro. Ninguém as tirava, mas toda a gente sabia que existiam. E algum agente de autoridade, em dia de azedume, podia perguntar por ela ao primeiro fumador que lhe aparecesse.
A justiça tem de adequar vários dos seus funcionamentos e linguagem ao tempo em que estamos. O caso do segredo de justiça é claramente um deles. Dada a rapidez das comunicações e a própria evolução dos "media", o segredo de justiça acaba a funcionar de forma perversa. Ou seja, em vez de defender o nome das pessoas que estão a ser investigadas, leva a que se multipliquem as mais variadas e, por vezes, derazoadas teses sobre essa investigação. Não percebo em que possa perturbar a investigação a publicação pelo jornal "24 Horas" do acórdão da Relação. Li-o todo e após a sua leitura só posso concluir que seria bom que o outro acórdão da Relação também tivesse sido divulgado na íntegra em vez de cirurgicamente seccionado.
Não ponho em causa a necessidade de existir segredo de justiça. Mas outra coisa bem diversa é esta concepção quase casular do segredo de justiça. Como algo que preserva os diferentes agentes da justiça do contacto com a sociedade até ao derradeiro momento em que majestaticamente julga ou manda arquivar.
Por fim, sublinhe-se que segredo de justiça quer dizer isso mesmo: segredo a que estão obrigados os agentes da justiça, sejam eles advogados, juízes, procuradores... Os jornalistas não têm de zelar pelo cumprimento do segredo de justiça pela mesma razão que os advogados, os arguidos, os procuradores e os juízes não vêm escrever notícias. Aos jornalistas cabe zelar pelo direito a informar.
O circo mediático. Em primeiro lugar, há que recordar que tudo começou com uma investigação jornalística. Mais precisamente com um trabalho assinado por Felícia Cabrita. Nos primeiros dias, não faltaram elogios ao trabalho desta jornalista e dos outros que se passaram a debruçar sobre o caso. Mas, passada a fase da estupefacção e do horror perante o que acontecera àquelas crianças, começou a insinuar-se que a investigação, afinal, também não era tanta. Tudo provinha de fugas de informação. E os outros jornalistas partem de manhã a correr o país em busca de informações sobre os crimes, as falências, as OPV...? Muitas das notícias, muitas vezes as mais importantes, nascem de fugas de informações. O caso Watergate, por exemplo!
Por fim, chegámos à fase do circo mediático. Do "há que pôr um travão a isto". Entendendo-se por "isto" o interesse dos jornalistas por determinados factos. Como se os envolvidos quisessem acreditar que se esvairia o problema caso aquele magote de microfones e câmaras lhes desaparecesse da frente.
Não deixa de ser curiosa esta concepção dos jornalistas como alguém que perturba, incomoda, atrapalha o que devia ser o curso natural do trabalho dos especialistas, sejam eles juízes, procuradores, advogados, líderes partidários, governos... Concede-se que os jornalistas descubram umas coisas mas, em seguida, pede-se-lhes que se retirem porque chegou a hora de trabalhar a sério no problema. A este título é exemplar o pedido do advogado João Nabais aos jornalistas para que não perturbassem com perguntas o seu cliente. Considerava mesmo este advogado que o teor das respostas dadas por Hugo Marçal a alguns jornalistas havia contribuído para que este tivesse sido detido preventivamente. Agora que Hugo Marçal era posto em liberdade, João Nabais apelava aos jornalistas para que não lhe fizessem entrevistas. Não é aos jornalistas que cabe avaliar se o conteúdo das respostas de Hugo Marçal se adequa ou não à estratégia da defesa ou da acusação. O que pensará do papel dos jornalistas um advogado que lhes pede à porta dum tribunal para não fazerem perguntas ao seu cliente para não o prejudicarem? O que achará que é o papel deles? Perguntam quando dá jeito e ficam calados depois?...
Convém que se sublinhe que o circo mediático faz vítimas. Geralmente estas vítimas são aquelas mesmas pessoas que muito partido souberam tirar do imediatismo dos jornalistas e da sua ansiedade por uma notícia. Sendo certo que, antes de o dito circo mediático se ter instalado à volta do caso Casa Pia, juízes, procuradores, advogados, líderes partidários, governos... nada fizeram por aquelas crianças. O "circo mediático" tem contribuído decisivamente para que o mundo em que vivemos seja melhor e mais justo. Pensem como seria este caso sem os jornalistas à porta das prisões para ouvir a opinião dos familiares. Sem os jornalistas para ouvir os advogados de defesa. Sem os jornalistas para ouvir as vítimas. Quer se goste quer não, o circo mediático contribuiu decisivamente para mudar para melhor a vida das crianças da Casa Pia. Tal como serviu para libertar Dreyfus, em França. Tal como serviu para desencadear o caso Watergate. Depor Collor de Melo no Brasil...
Helena Matos, in “Público”, 25/10/2003

sexta-feira, outubro 24, 2003

Que parte?
O "Daily Mirror" (creio que é este) anda a publicar mais umas supostas cartas de Diana Spencer, mais conhecida por Lady Di.
Hoje, ao passar os olhos pelo "Correio da Manhã", li que numa dessas cartas ela confessava que uma parte dela ainda gostava de Carlos.
Francamente! Qual seria a "parte"?
Quando é o congresso?
Ferro Rodrigues saiu "reforçado" da reunião de ontem da Comissão Política do PS. Uma abstenção e três votos contra (não; nenhum foi do MM Carrilho!) provam que os socialistas estão com o seu secretário-geral...
Não estão. Normalmente quanto maior é a maioria mais depressa acontece a "surpresa". Francisco Pinto Balsemão (e Mota Pinto se fosse vivo) pode explicar isso tintim por tintrim.
Os figurões do PS "disseram" apenas que não é o tempo de fazer cair Ferro. É hipocrisia em estado puro, mas como diria o ex-PM é a vida.
O PS vai fazer um congresso extraordinário; falta só saber quando é que os barões se arrumam e descobrem um momento favorável: a isto chama-se, na política, "contar espingardas".
A propósito: fabuloso o título de "O Independente" de hoje (lido apenas na montra, que é pasquim que não consumo). Para quem não viu: "Naufrágio ao largo do Rato".

domingo, outubro 19, 2003

Será?
Aqui há anos, num qualquer congresso do PSD, o inefável Alberto João desabafou para um microfone supostamente fechado que parecia que estava tudo grosso...
Desculpem a comparação, mas parece que é verdade. Olhamos à volta, blogs incluídos, e que vemos? Tudo à cabeçada, declarações cada uma mais disparatada que a anterior, um cenário "de crise" que ultrapassa em muito uma "simples" dificuldade de equilíbrio económico e financeiro.
Desde o "pequeno" caso do helicóptero de Lamego à polícia municipal do Porto, passando por acórdãos divergentes da Relação sobre o mesmo detido, a confusão é completa: há seis meses que o País parou, grudado à força no "caso Casa Pia".
Desde sexta-feira que a situação piorou e parece, agora, que nada salva o segundo maior partido, o garante da alternativa, logo da democracia.
É evidente que a coisa é muito grave e que as pessoas que o dirigem - precisamente porque são pessoas - devem andar meias desorientadas. É evidente que é impensável ouvir o "primeiro-ministro sombra" dizer que se está cagando para o segredo de justiça.
A situação é grave, gravíssima: como é possível que continue a fuga de gravações telefónicas para a rua? De onde vêm? Claro que só podem vir de um sítio. E claro que o chefe desse sítio só pode demitir-se. Ontem se possível...
Esta é a questão de princípio que se deve colocar: como é possível que o Procurador-Geral da República continue a ser o mesmo?
Mas há outras questões. São verdadeiras as transcrições que vieram a público? E não acontece nada aos intervenientes, que claramente tentaram mover céus e terra em favor de um amigo? E Jorge Sampaio? Agora não tem nada a dizer?
Portugal, a sociedade portuguesa, está doente. Muito doente. A sério: um país não aguenta tanta exposição a este desenrolar de insanidades. Até há relativamente pouco tempo, eram os políticos que tinham má fama. Era o futebol que era apontado como sede de tráfico de influências e outras maldades.
Hoje, que pensará o português médio de tudo isto? Com as condições de vida a agravarem-se, com o desemprego a crescer, pode pensar-se o quê? Que Alberto João tem razão?

quarta-feira, outubro 15, 2003

Uma manhã no tribunal
Um qualquer tribunal português. Quarta-feira, 9:30 horas (da manhã... sublinhe-se). Hora marcada para um julgamento em que este vosso criado é testemunha.
Falta à primeira chamada, mas presença na segunda. Quase toda a gente presente. Espera.
Meia hora (mais ou menos) depois, o "povo" é chamado (em magote...) para a sala de audiências. Grande e quase vazia. Lá em cima, o senhor doutor juiz. De ambos os lados, defesa e acusação. Ao meio, o réu. Atrás, sentados nos lugares do público, testemunhas pró e contra. Lá fora, o burburinho que caracteriza qualquer lugar público.
No sala começa um estranho "triálogo" entre as partes: defesa, acusação e juiz, não necessariamente por esta ordem. Cá "em baixo", porém, nada se percebe. Mas ali ficamos, estupidamente incómodos em bancos de madeira, sem ouvir nada do que é dito, portanto sem perceber o que se passa... simplesmente à espera.
Passa-se uma hora (mais coisa menos coisa). Percebemos que os protagonistas - juiz, acusação e defesa -, ditam palavras que uma funcionária escreve à mão (parece que o computador estava avariado).
No fim daquilo tudo, somos convidados a sair. À porta da sala, a mesma pessoa que tinha feito a chamada, comunica-nos que o julgamento fora adiado.
Alguns de nós voltaremos daqui a três semanas. Outros daqui a um mês.
Nunca tinha estado numa situação semelhante. Aliás, nunca tinha acompanhado o início de um julgamento. Durante aquela hora e meia de seca, perguntei-me muitas vezes se é "isto" a Justiça: se é justo incomodar um conjunto de pessoas, intimá-las a comparecer numa determinada hora de um determinado dia, para depois serem sujeitas do "jogo" dos advogados e, pior do que isso, serem actores involuntários de um conjunto de procedimentos pouco menos que idiotas.
Se uma das partes pretende adiar o julgamento, por que não é obrigada a tentar isso antes do dia marcado, por forma a não incomodar terceiros?
Se somos obrigados a estar ali, por que não temos o direito de ouvir o que se passa?
É transparente uma Justiça que os cidadãos não ouvem?
Para aque serve a fantochada dos julgamentos à porta aberta, se o sistema de som instalado não é posto em funcionamento?

domingo, outubro 12, 2003

Inenarrável
Ouvi há pouco, creio que na RTP, a gravação de um discurso de Ana Gomes algures no Alentejo e presumo que numa iniciativa do PS.
A ilustre senhora perorava, como não podia deixar de ser, sobre o caso da pedofilia. E deixava acusações graves relativamente a dois ministros, para concluir que não é o PS que está a politizar a Justiça.
Ouve-se, e lê-se, e não se acredita. A senhora saberá o que anda a fazer? E ninguém vai reagir? O senhor Presidente da República, que tanto tem falado sobre a Justiça, não quererá falar sobre o que os políticos (alguns) andam a fazer e a dizer?
Percebe-se que o PS tenha passado da depressão profunda à euforia incontrolável, mas isso admite-se, digamos, nas "bases". Aos dirigentes exige-se outro comportamento.
A não ser... A não ser que saibam muito bem o que andam a fazer. Desconfio bem que sabem: sabem que o afastamento do juiz Rui Teixeira está aí ao virar da esquina que o processo não vai dar em nada.
Detesto o discurso do desgraçadinho, mas francamente penso que Portugal caminha apressadamente para uma crise de efeitos incalculáveis.
Criámos uma sociedade sem valores, sem referências, onde os programas de Português consagram o "Big Brother", o Português Suave desaparece porque os eurocratas querem, os espanhóis vêm pescar tudo o que pretendem, os ministros metem cunhas uns aos outros, as oposições gritam mas não pensam...

sexta-feira, outubro 10, 2003

Novo contador
A contabilidade não é muito importante para o fim em vista, mas fica bem.
Depois de alguns ensaios, creio ter escolhido o contador definitivo: Bravenet.
Um outro, mais antigo, continua a correr nos bastidores.
E este post é só para experimentar algumas outras funcionalidades não imediatamente evidentes. Desculpem...

quinta-feira, outubro 09, 2003

Pedroso absolvido
Vinte e quatro horas após a libertação de Paulo Pedroso, fica claro o objectivo que norteou os socialistas na "manif" de ontem.
De facto, e como já foi sublinhado por aqui pelos blogs, será normal que um indivíduo depois de quatro meses e meio de prisão não vá a correr ao encontro da família?
Pois foi: Paulo Pedroso dirigiu-se de imediato à Assembleia da República - e não colhe aquela de que "foi aqui que o vieram buscar é aqui que ele regressa" - e ainda passou pela sede do PS antes de ir ter com os familiares.
Aquela alegria toda, é bom que fique claro, é absolutamente natural entre amigos. Tanto mais quanto, mesmo que apliquemos apenas o princípio do Direito - "qualquer indivíduo é presumível inocente" -, os seus camaradas põe as mãos no fogo por ele.
O que já não é normal é toda aquela encenação e o conjunto, alargado, de afirmações que tentam induzir a absolvição de quem continua arguido de um processo-crime. Aquilo pareceu-se de mais com uma forma de pressão. Aquilo pareceu-se de mais com uma atitude revanchista: estão a ver? Nós é que sabemos!
Em tempo de todas as citações, fica aqui mais uma: "à mulher de César não basta...". Para dizer que é bom não esquecer que o irmão de Paulo Pedroso era membro do Conselho Superior de Magistratura. Para dizer que o senhor Presidente da República tem falado de mais sobre Justiça, prisão preventiva, poderes de investigação e direitos dos suspeitos/arguidos.
É de mais. Permito-me citar aqui a conclusão de um inquérito de rua que a SIC acabou de emitir (sabendo que os inquéritos de rua valem pouco...): a maioria das opiniões transmitidas critica o "arraial" socialista de ontem.
Ainda um parágrafo sobre o deputado Jorge Lacão, socialista e presidente da Comissão Parlamentar de Ética: percebe-se que o socialista esteja muito satisfeito com a libertação do seu camarada; entende-se que o deputado não o esconda; é incompreensível que o presidente da Comissão Parlamentar de Ética tenha ido buscar Paulo Pedroso à cadeia e tenha dito o que disse à saída da reunião da Comissão a que preside.
É a cereja no cimo do bolo: o PS julga que já ganhou. E fez pior por Paulo Pedroso do que a suspeita que sobre ele recai. A juntar a esta, agora soma-se a de ter feito a Justiça funcionar a seu favor porque é "poderoso".
Não havia necessidade...

quarta-feira, outubro 08, 2003

Bora lá, que vale a pena
Sem mais palavras, sigam para as "Terras do nunca"
Por uma vez
A SIC e a RTP foram completamente cilindradas pela TVI na cobertura da chegada de Paulo Pedroso ao Palácio de S. Bento. Foi penoso ver os jornalistas daquelas duas televisões a falarem do boneco e para o boneco enquanto os seus colegas perseguiam Pedroso com perguntas e mostravam a "nomenclatura" socialista a encostar-se ao "desejado".
Minutos depois, já as tv's estavam em igualdade de circunstâncias e fiquei-me pela SIC. Deixemos os excessos destas ocasiões - os apertos, as perguntas sucessivas, a duração dos directos - para elogiar uma jornalista que reputo de antipática, pedante e outras "qualidades" similares.
Anabela Neves - que se deve ter em grande conta enquanto jornalista política e parlamentar - deu uma lição de como lidar com aquele assunto. Em primeiro lugar sublinhando que o processo não acabou; em segundo lugar confrontando alguns socialistas - nomeadamente Almeida Santos - com isso mesmo; em terceiro lugar destacando algum "excesso" da festa socialista; em último lugar, sabendo fazer ao advogado de Paulo Pedroso as perguntas que, de facto, interessavam ao público.
Por uma vez, que me lembre, a jornalista merece ser elogiada.
La passionaria
A cena, há horas, da chegada de Paulo Pedroso ao Palácio de S. Bento fez-me lembrar a história de Dolores Ibarruri, deputada comunista que fugiu de Espanha em 1939 - quando Franco conquistou o poder - e ficou conhecida como "La Passionaria".
É verdade que Pedroso não voltou do exílio, nem tem idade que lhe permita ter lutado contra a ditadura de antes do 25 de Abril de 1974. Mas foi isso que primeiro me veio à ideia.
Todavia, provavelmente, o momento terá sido mais parecido com a chegada de Mário Soares a Santa Apolónia ou de Álvaro Cunhal à Portela, nos dias imediatos à "Revolução dos cravos". Pedroso -rodeado por todos, abraçado por todos, beijado por todas, fotografado e filmado de todos os ângulos, cercado de microfones - parecia o “salvador”.
A cena foi, claramente, excessiva, mesmo para um partido que perdeu o rumo com a sua detenção. Em boa verdade, aquele fim de tarde em S. Bento revelou um Ferro Rodrigues mais parecido com um mestre de cerimónias e um Paulo Pedroso líder do PS. Lá está: o "desejado" que volta, embora não no meio do nevoeiro.
Diverti-me a observar o afã com que todos queriam abraçar, beijar, saudar, ao menos encostar-se a Pedroso. Como me diverti ao ver o abraço frio trocado com Osvaldo Castro (coisas...).
Mas também me escandalizei.
Que diabo de cena foi aquela de um cidadão comum (Paulo Pedroso, é bom não esquecer, tem o mandato de deputado suspenso) entrar pelo Parlamento pela "porta de serviço", rodeado de amigos e jornalistas, sem que se vislumbrasse um pouco que fosse da segurança obrigatória do outro lado do edifício?
Que diabo de cena foi aquela de o mesmo cidadão comum – e o seu advogado - dar uma conferência de imprensa na sede do poder democrático português?
Que diabo de cena foi aquela de um partido inteiro receber em glória um seu militante e dirigente que apenas - sublinhe-se o apenas - viu ser alterada a medida de coacção de liberdade a que foi sujeito por ser arguido num processo penal?
Que Justiça é esta?
Li, ouvi e estou a ver. O Tribunal da Relação de Lisboa mandou libertar Paulo Pedroso, com base em fundamentos deconhecidos neste momento.
Nunca se devem levantar estas questões sem afirmar, prévia e solenemente, que se acredita na Justiça. É politicamente correcto e pode dar jeito se, um dia, lá cairmos.
Mas eu não acredito. E, se fosse possível, a partir de hoje muito menos. Porque há aqui algo errado e muito grave.
Das duas uma:
* ou Paulo Pedroso não devia ter sido detido - e estaremos perante um caso de abuso de posição dominante (do juiz perante o fraco)
* ou Paulo Pedroso não devia ter sido libertado - e estaremos perante um exemplo de justiça para ricos e poderosos (os que podem recorrer a bons advogados).
A Justiça sai mal disto, tal como está - para mim - patente com esta rábula do adiamento do julgamento do tal "Bibi" e se começara a evidenciar com o adiamento do que creio chamar-se "audições para memória futura".
Se à libertação de Paulo Pedroso juntarmos a "cena" do não julgamento do "sr. Santos" de Albergaria, que violou e engravidou duas adolescentes (ou pré-adolescentes?), temos um quadro pior - muito pior - que negro.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Muito mentirosa
Hoje acordei com uma jornalista da TSF a dizer que Maria da Graça Carvalho negara ser a próxima ministra da Ciência e Ensino Superior. A senhora, supostamente, ficou muito surpreendida com a pergunta da TSF.
Meia-dúzia de horas depois (nem tanto...) era oficial que Maria da Graça Carvalho tomaria posse como ministra da Ciência e Ensino Superior às 17 horas (ainda hoje, portanto).
Das duas... três:
1. Ou a TSF montou a notícia e mentiu;
2. Ou Durão Barroso convidou a senhora depois da notícia da TSF;
3. Ou a senhora começa muito pior que o seu antecessor saiu...

domingo, outubro 05, 2003

Sua excelência exagera
O senhor Presidente da República vem-se multiplicando em declarações sobre o estado da Justiça. Jorge Sampaio, quanto a mim, exagera.
Por várias razões, a saber:
Não é de hoje que a Justiça está no estado em que está. A Justiça e, diga-se, outros sectores que vêm, igualmente, merecendo a presidencial atenção. Não é de hoje que o Ministério Público/Procuradoria-geral da República têm os poderes que têm. No passado, todavia, o Presidente da República manteve-se calado ou, eventualmente, falou demasiado baixo, o que dá no mesmo.
Vir agora falar sobre direitos dos arguidos, ou dos detidos preventivamente se não é o mesmo, soa a dor relativamente aos “poderosos” presos. Vir agora falar disso, e com a insistência com que Jorge Sampaio o faz parece mal e dá para desconfiar.
O cidadão Jorge Sampaio partilhou o escritório de advocacia com dois ex-ministros socialistas da Justiça: Vera Jardim e António Costa. Nesses tempos, manteve-se calado enquanto o anterior Procurador-geral da República concentrava poderes e somava polémicas.
O Presidente da República esteve calado durante todos os dias em que cidadãos comuns foram vítimas da mesma Justiça que agora está tão na ordem do dia: os advogados eram os mesmos, os juízes idem, os investigadores idem idem.
Parece mal, parece-me muito mal, que o Presidente da República tenha começado a falar quando foi detido alguém da sua família política. Também por isso, Jorge Sampaio devia ser mais, digamos, prudente.
Não porque as razões não sejam boas. Desconfio que são, até, muito boas. Mas, insisto, esta Justiça existe assim há muitos anos e de Sampaio não se ouviu uma palavra. Agora parece mal.
Já agora, de Jorge Sampaio - e sobre este mesmo tema - esperar-se-ia uma tomada de posição de alerta contra a mais recente proposta do bastonário da Ordem dos Advogados: Júdice defendeu publica e implicitamente o reforço dos poderes da Judiciária e do Ministério Público.
Iremos de mal a pior e, aqui, sim, era desejável uma palavra, uma frase, um discurso, do Presidente da República.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Coincidências
Ele há coisas curiosas...
No mesmo dia em que o ministro do Ensino Superior até tinha um episódio que poderia capitalizar a seu favor, cai estrondosamente devido a uma trapalhada inacreditável (e inaceitável, já agora...)
Vejamos por partes:
1. O ministro, a filha do ministro e a universidade
A filha do ministro dos Negócios Estrangeiros resolveu escrever ao colega do pai, pedindo-lhe um regime de excepção para poder entrar numa qualquer faculdade de ciências médicas. O ministro, certamente desconhecendo de quem se tratava, subscreveu o parecer do seu director-geral (ou lá o que é) e autorizou. Acontece que não há despachos ou portarias que contrariem leis ou decretos-lei. A coisa soube-se e, pum!, acabou um dos poucos Lynces de que havia notícia em Portugal.
2. A praxe no seu melhor
Onze (11) estudantes do ensino superior foram detidos em Oeiras devido a um arremedo de assalto a uma dependência bancária. Ao que parece, era a praxe. Se percebi, uns quaisquer veteranos mandaram os indefesos jovens simular um assalto à Caixa Geral de Depósitos. Tá certo! O que é preciso é imaginação: com o povo farto das palermices do costume, nada melhor que inventar novos caminhos para "integrar" os caloiros no "espírito". Se todos eles (mandantes e mandados) não forem expulsos do ensino superior, será que alguém continua a acreditar que as "instituições" funcionam?

domingo, setembro 28, 2003

Cheira a podre II
Já aqui escrevi que isto não é para ser feito com recurso a cópias e/ou transcrições, mas não tenho vergonha de "importar teses" que partilho e que outros escreveram melhor do que eu faria.
Ora leiam isto:
"Podiam também aproveitar a história do helicóptero para melhor dissecarem as “corporações” de bombeiros em Portugal, que hoje servirão para quase tudo menos para apagar incêndios. Por ali se traficam influências e poderes, se preparam e fomentam guerras autárquicas, se delapidam recursos públicos em investimentos de utilidade mais que duvidosa. Uma corporação algures para os lados de Melres – sabem onde fica? – até investiu numa câmara de descompressão! – sabem para que serve? Aliás, a eficácia na extinção (e prevenção) de incêndios, varia na razão inversa da sofisticação de equipamentos."
Original no "Mata-mouros"

sexta-feira, setembro 26, 2003

Cheira a podre
A história do helicóptero de Lamego, que supostamente ali está para acudir a situações de emergência mas que servia para turismo, mostra bem até que ponto funciona o corporativismo, neste caso dos bombeiros.
O ministro suspendeu o comandante dos bombeiros locais - nem podia ser de outra maneira - e demitiu o responsável distrital da Protecção Civil e Bombeiros.
E logo se começou a ouvir o coro de protestos. Uns dizem que estão inocentes, outros que o ministro não devia ter feito o que fez. Ou seja: não se pode mexer com aqueles senhores.
Enquanto não se alterar profundamente a organização dos bombeiros, a coisa continua assim:
- uns fogos são bem combatidos, outros não;
- as protecções cimentam-se em almoçaradas, a coberto de reuniões importantíssimas;
- o nosso dinheiro é gasto (também) em promoções pessoais de uns quantos "baronetes".
O ministro, que esteve tão mal durante todo o Verão, teve agora uma oportunidade de se "limpar": teve sorte.

terça-feira, setembro 23, 2003

Lindo
A ler, na próxima quinta-feira algures num "jornal de província", sobre um dos estádios do Euro2004:
(adaptado) "Há obras modernas com tanta falta de qualidade que nem sequer ruínas bonitas dão".
Desabafos
Tch!! Mais uma eternidade pousado. A vida é assim: não tenho tido disposição, mas agora apetece-me.
Apetece-me comentar dois factos do dia (segunda-feira, entenda-se).
Assunto 1: Dia sem carros
Estou como o director do "Público" no seu editorial de hoje. Para que serve esta treta, se não acontece nada para além de folclore?
Há três (ou quantos?) anos que andamos nisto, e que vantagens resultaram na generalidade das cidades aderentes?
Aqui pela "cidade média" onde resido... nada. Promessas, mais promessas, outras promessas... e tudo na mesma.
Tudo na mesma, não. Tudo pior porque, apesar da crise, não pára de aumentar o número de carros que invade tudo quanto é espaço e sítio.
Os autarcas deviam deixar-se de tretas.

Assunto 2: escutas telefónicas a suspeitos de fogo posto
Sua insolência e pesporrência o bastonário da Ordem dos Advogados veio a público chorar as escutas telefónicas que visam suspeitos de fogo posto. O inefável Júdice entende que é uma violência, que a polícia devia procurar as provas de outra forma.
Não diz qual, mas eu suspeito: como a maioria dos fogos aconteceram na "região centro", deviam-se convidar os suspeitos para a sua Quinta das Lágrimas, ali em Coimbra, onde entre chás e torradas os agentes da PJ, delicadamente, fariam as perguntinhas. Pelo meio, Júdice cobrava o serviço de cafetaria à PJ e os serviços de advogado aos suspeitos...
O maior de todos os advogados não se enxerga e faz por não perceber que nós (ou alguns de nós) percebemos que muitos advogados não sabem fazer mais nada do que entravar a Justiça.
Eu, cidadão português, estou-me nas tintas para os métodos da PJ na procura dos responsáveis pelos fogos, desde que a integridade física dos sujeitos não seja posta em causa. Quero é que encontrem os culpados.
O bastonário dos advogados precisava de umas bastonadas...

segunda-feira, setembro 15, 2003

De luto
Não era suposto que o "Mocho" estivesse pousado tanto tempo (coisas da vida...) e muito menos era suposto que voltasse a voar por esta razão.
Morreu Vítor Damas e eu estou de luto: nunca joguei futebol a sério, muito menos tentei ser o "Damas", mas desde sempre me conheço sportinguista e muito muito novo tive o supremo gozo de jantar ao lado dele.
O Sporting acabara de se sagrar campeão e a equipa veio jantar à minha cidade. O meu pai levou-me e eu calhei ao lado dele. Algures - não sei onde, mas vou procurar - hei-de ter um autógrafo dele...
Ele foi (ele é) - como o Azevedo e o Carlos Gomes para outros - o "meu" guarda-redes. Lembro-me de um célebre jogo para uma Taça europeia (não me recordo qual...), contra o Glasgow Rangers, em o Sporting foi a penáltis para decidir a passagem à fase seguinte: o Damas - bem à minha frente em Alvalade - defendeu uma série impressionante de penáltis. Para nada: os golos fora valiam o dobro e os escoceses já estavam apurados...
Suprema ironia: o Damas morreu com o estádio onde tanto brilhou.
Paz à sua alma.

quarta-feira, agosto 13, 2003

Intervalo
Meus caros: entrei de férias e vou para um sítio onde a internet é mais cara (por mais lenta) que o habitual. Por isso, e salvo imponderáveis, o mocho não voa na próxima quinzena...
Triste realidade
Garanto que isto não se vai tornar uma espécie de copia e cola, muito menos o resumo do que vou lendo em outros blogs. Mas hoje é a segunda coisa que leio e me deixa de boca aberta de tão certeiro.
Leiam aqui:
Desburocratização
O homem andou dois anos de repartição em repartição, de guichet em guichet, para obter um papel que lhe permitisse abater 60 pinheiros, por forma a aumentar uma linha corta-fogo.
Esta semana finalmente viu o seu problema resolvido.
Certeiro mais certeiro não há
Ena! Uma semana inteira sem uma única "entrada" nisto que pretendia ser um arremedo de diário!
É verdade. Tem faltado o tempo e a disposição, que o calor é tanto que não deixa margem para grandes ocupações depois do obrigatório trabalho. E este não dá tréguas, tal como os fogos...
O que me traz aqui hoje (precisamente na véspera de entrar de férias, e portanto com algum tempo menos ocupado no emprego) é uma frase lida durante o raid sobre os blogs do costume.
Ela reza assim: "O que fica para lá do litoral do país é uma massa de gente que sobrou". Pode ser lida aqui e é, na minha modesta opinião, fenomenal para explicar tudo o vamos vendo, ouvindo e lendo nestas últimas duas semanas.
Está no título: certeiro mais certeiro não há. Podemos, sobre os fogos, discutir tudo (e algumas coisas já estão algures lá para trás, certamente no arquivo). A falta de meios dos bombeiros ou o desordenamento da floresta, a incompetência dos comandos ou a não-existência de um ministro, o clima, o azar, a imprudência, a negligência: o tema é inesgotável.
Mas... Na base de tudo está uma situação que oiço há quase três décadas a Gonçalo Ribeiro Telles: a concentração de população nas periferias das grandes (e pequenas e médias, acrescento eu) cidades teria como consequência, mais cedo ou mais tarde, a destruição da floresta, como teria de todo o mundo rural. Já está!
Bastou que se reunissem todos os elementos para o País ver - mas temo não perceber - o que estava escrito viria a acontecer. Portugal vive "inclinado" para o mar e está-se nas tintas para quem ficou "na terra": vai-se lá pelo Natal, no Verão (quando muito...) para a festa da aldeia e pronto! Em Lisboa, no Porto, ou no intervalo entre estas duas cidades, comportamo-nos da mesma forma do que os que emigraram para Paris...
Pois é! Lá longe, aí a 30 quilómetros da costa, vivem os que sobraram. Mais velhos, mais fracos, mais abandonados, menos capazes... Agora choramos com eles. Que não sejam, ao menos, lágrimas de crocodilo.

quinta-feira, agosto 07, 2003

Sem palavras
Depois de um dia particularmente prolixo (pensam que se confunde com "pró lixo"? ), fiquei completamente sem palavras.
Alguma vez imaginaria o que estava reservado para os dias seguintes? Fogo por todo o lado (domingo "ardiam" 13 dos 18 distritos)...
Fiquei esmagado. Aldeias, vilas, pelo menos uma cidade rodeadas de labaredas, sufocadas pelo fumo e pelo desespero. Ministros e outros notáveis a multiplicarem declarações vazias e ocas, enquanto os cidadãos viam os seus bens consumidos, mais de uma dezena de mortos.
É muito!
Não vale a pena discorrer sobre causas, efeitos, culpados. O rol é tão grande!... Mas uma coisa tenho como certa. Figueiredo Lopes devia ter vergonha. E sair. Nem que fosse empurrado.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Ainda mais sobre fogos
O senhor ministro da Administração Interna disse que a intervenção dos meios de combate aos fogos tem sido positiva (aqui).
Ainda bem. Ficamos todos muito mais descansados. Suspeito mesmo que as imagens que as televisões estão a passar e as fotos que os jornais publicam são de arquivo ou de um outro qualquer país onde, por acaso, a língua oficial é a portuguesa.
Será que nem a vergonha os cala?
Os generais no seu labirinto
Os senhores generais que ontem se reuniram para jantar concluíram que o ministro da Defesa é réu de “tentativas de intromissão” em áreas de competência das esferas militares (ler, por exemplo, aqui e aqui). É solene... Com que então o ministro da Defesa (que penso que ainda tem a tutela sobre as Forças Armadas) tentou intrometer-se em áreas reservadas aos militares! Tribunal de guerra com ele, já!
Os senhores generais concluíram mais. Concluíram que se agravou a “grande carência orçamental do Exército”. Acredito, mas pergunto-me se as Forças Armadas são uma ilha no País, que não tenha, como os outros, de respeitar algumas restrições financeiras.
Os senhores generais alongam ainda as suas razões, falando de uma “confiança ética” que os políticos têm de merecer dos comandos da tropa. Os senhores generais pensarão que estamos em 1974 e 75, com a Junta de Salvação Nacional e o Conselho da Revolução? Não estamos e já somos adultos!
Antes de se sentar à mesa, o senhor general Garcia dos Santos terá garantido que o jantar não tinha qualquer “intenção política”. Claro que não! Encontraram-se por acaso e, por acaso, resolveram mostrar que existem já que, ainda segundo aquele senhor general, “sempre que passamos para a reserva somos esquecidos”.
Mas melhor é a justificação de Ramalho Eanes para a sua presença: é um “cidadão empenhado”! Eu também sou e, no entanto, não fui convidado. Será que se esqueceram ou é por nunca ter usado farda?
Mais sobre fogos
O "Público" de hoje acrescenta mais uma acha para (apagar) a fogueira.
Em substância, o que se passa é que há um sistema de detecção de incêndios florestais com recurso a satélites que está pronto a usar. Basta que o Governo compre o hardware necessário.
Mas, acrescento eu, parece que o dinheiro está a ser utillizado para pagar o aluguer de aviões e helicópteros...
Uma democracia que não é a minha
Nove (9!) senhores generais do exército português reuniram-se ontem ao jantar. Oito deles, se não me engano, estão na reserva (ou na reforma), o que os transforma, pelo menos em tempo de paz, em vulgares cidadãos como eu ou qualquer de vós que me leia.
Nove generais sentaram-se à mesa de um restaurante para ouvir de um deles as razões de queixa relativamente ao poder político. Nós até sabemos o fundamental: aquele único que está no activo perdeu a confiança no seu chefe - caso notável, este de um subordinado perder a confiança em quem manda nele...
Nove generais que invocaram a democracia para se juntarem. Nove generais que ousaram desafiar a democracia, contestando - corporativamente - quem tem uma legitimidade que resulta do voto popular.
Recuemos mais alguns dias. Não sei se nove - talvez mais, talvez menos - notáveis civis reuniram-se - quiçá ao jantar... - e assinaram um texto em que, em nome da democracia, pedem nem sei bem o quê relativamente à nossa Justiça. Entre estes notáveis contam-se não sei quantos deputados e ex-deputados, um ex-Presidente da República (que também foi deputado e primeiro-ministro e é deputado europeu), um candidato derrotado à Presidência da República (que também foi deputado, vice-primeiro-ministro e, até, presidente da Assembleia Geral da ONU).
Algo me separa profundamente de todos estes senhores e senhoras. Algo que ultrapassa divergências ideológicas e diferenças de análise conjuntural.
Tal como eles (todos?) não gosto de Paulo Portas. Tal como eles (todos?) desconfio de Durão Barroso e do conjunto de nulidades que o rodeiam.
Onde os nossos caminhos se separam é logo ali a seguir.
Porque eu, não gostando particularmente deste governo, respeito o voto popular e sei que tenho que esperar pelas próximas eleições para "dizer" o que penso. Seja da tropa, da justiça, das gravatas dos senhores ou dos lenços das senhoras.
Eles, pelo contrário, estão convencidos que o povo foi cacicado ou se enganou. E não admitem que quem detém o poder não sejam os seus amigos. Eles pensam a democracia como um instrumento ao seu serviço, dos amigos e dos interesses. Eles não admitem que o seu tempo está a passar (ou já passou). Eles esquecem que, para o bem ou para o mal, quem hoje ocupa o poder são os filhos deles: se são maus... é porque foram formados assim!
Para acabar com quem comecei. O problema dos tropas (do exército em particular) é que quiseram acabar com a guerra colonial e manter as mordomias. Mas o dinheiro não chega para sustentar tantos generais e outros oficiais superiores, mais os inferiores, os sargentos, os praças e a modernização do material. Eles não querem perceber que é mais importante um fontanário de aldeia que uma bala e que o dinheiro que gastamos para eles preguiçarem nas paradas dos quartéis era mais bem empregue no reforço da vigilância das florestas, por exemplo!

quinta-feira, julho 31, 2003

Sobre o Acontece
Quando a "coisa" veio a público não me apeteceu comentar, mas depois do que li, pensei que valia a pena deixar aqui a minha opinião.
Acho ridícula toda a choradeira em torno do fim do Acontece. Acredito, aliás, que boa parte dos choramingas nem sequer era consumidora daquele espaço televisivo. Choram por solidariedade e para dar um certo ar de esquerda, que fica sempre bem mesmo quando se vive à (extrema) direita.
Chamem-me o que quiserem, ponham-me o rótulo que quiserem... não me importo nem um bocadinho. Direi, até, que é para o lado que durmo melhor: detesto intelectualóides e acho que aquilo era uma treta. Rio-me, aliás, quando os mesmos que elogiam o espaço (e o seu autor) vêm para aqui postar sobre o umbiguismo e a troca de "fretes" entre amigos...
Resolvi-me a escrever o que atrás fica depois de ler "O Acontece acabou. So what, parte 2" no "Contra a corrente". Não conheço o autor, nem sequer o seu blog é de leitura habitual. Não vale a pena, por isso, "colarem-me" à sua posição ideológica, qualquer que ela seja...
Eis a chave!
Pois é... Precipitei-me para aqui, para debitar o que sobre fogos me ia na alma antes de acabar a leitura dos jornais. E fiz mal.
A resposta a muitas das questões levantadas abaixo ("Os fogos... de novo", "Sobre os incêndios" e "Os fogos e os bombeiros") está no "Jornal de Notícias" de hoje e só lá faltam os nomes, moradas e números de telefone de quem ganha com os fogos e de quem é culpado por o País arder tanto. De leitura obrigatória.
E porque o exemplar do jornal pode perder-se, ficam aqui alguns excertos, com a devida vénia ao jornal e aos jornalistas autores do texto:
(...) Pedro Lopes, vice-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) com a pasta da Análise de Riscos, garante que foram mantidas todas as acções de prevenção desenvolvidas pela ex-CNEFF. Admite, ainda assim, que houve cortes nalgumas verbas. O mais notório foi para a vigilância móvel de florestas. Passou-se de uma cobertura de 24 horas diárias a um único turno, "pelas horas de maior calor".
(...) Emílio Vidigal não poupa críticas (violentas) ao facto de continuar a ser muito maior o investimento feito em combate a fogos do que em prevenção. "O sr. ministro tinha prometido reforçar a prevenção, mas, em Março, fomos confrontados com a cedência aos lóbis da indústria de combate a fogos", afirma.
Sublinhando que "os produtores estão muito agradecidos à abnegação dos bombeiros", o vice-presidente da FPFP [Federação dos Produtores Florestais de Portugal] argumenta que esse trabalho no terreno não deve ser confundido com a indústria que lhe está subjacente. Apontando a espectacularidade de meios humanos destacados para o incêndio do Fundão, afirma que esta "comove os produtores do ponto de vista humano, mas não prático": "Só servem para alimentar o folclore da indústria dos bombeiros".
Os fogos... de novo
A presidente da Câmara de Vila de Rei volta à carga contra o sistema de combate aos fogos.
Há cerca de uma semana, a senhora já tinha criticado fortemente o sistema, mas agora foi ainda mais violenta (aqui), apontando o dedo à forma como actuam os "aviões bombeiros". A acusação é forte e dá razão a quem questiona o "negócio do fogo" (já aqui citei o "Guerra e Pas" sobre o assunto).
Irene Barata (assim se chama a senhora) diz com todas as letras que os "aviões bombeiros" apagam fogos que não existem e deixam arder os que existem, como forma de aumentar as horas de voo... e os lucros.
A presidente da Câmara de Vila de Rei não está sozinha nas críticas. O seu colega de Oleiros, também sem papas na língua, acusa os bombeiros de negligência, por não terem accionado os meios aéreos para um fogo em zonas de acesso difícil (aqui). Será mesmo que nada funciona como deve ser?
Já agora, e ainda no registo de negócio, alguém me explica como é possível que deflagrem incêndios durante a noite?
Que é isto?
Um grupo de notáveis generais do nosso Exército vai reunir hoje (mais um jantar...) para saber por que se demitiu o mais recente Chefe do Estado Maior.
Aqui, diz-se que o jantar "tem como finalidade o esclarecimento, tanto quanto a Lei e o interesse nacional permitam (...) sobre as circunstancias que determinaram o seu pedido de exoneração de Chefe de Estado Maior do Exército".
Não gosto disto! Quem são aqueles senhores (para além de ex-qualquer coisa) para saberem mais que o comum cidadão?
Também não gostei que a Assembleia da República tenha sido impedida de ouvir as razões profundas da demissão, mas é no mínino perigosa esta manifestação de "espírito de casta".
"Silly season" ou algo (muito) mais grave se passa em Portugal? De um lado as escutas, do outro "isto"?...

quarta-feira, julho 30, 2003

Ganda voo!
O mocho chegou ao Porto! Fantástico! Belo! Extraordinário! A sério: confesso que faz cócegas ao ego ver o nome do blog noutro blog, para mais tão longínquo quanto desconhecido.
Obrigado Porto e não te sintas cercado...

terça-feira, julho 29, 2003

Suas excelências pensaram
Sª Exª o Presidente da República e mais um conjunto de proeminentes figuras da nossa Justiça pensaram! Foi ontem à noite, à volta de uma mesa no palácio cor de rosa.
Pensaram, pensaram, pensaram... e concluiram serem necessárias reformas na Justiça. É claro, sublinhou Sª Exª, que não esteve em causa qualquer processo em concreto. É claro que aquelas brilhantes cabeças pensantes se reuniram a propósito de "nada". Pensaram, simplesmente.
É claro que nem sequer a oportunidade em que se juntaram pode ter algo a ver com qualquer processo em concreto. Quando muito (e estarei a ser injusto...) terão resolvido juntar-se em função de algumas queixas de cidadãos anónimos, que se sentiram injustiçados pela Justiça.
Não pode, pois, ser mais que uma coincidência que Sªs Exªs tenham jantado com o barulho oriundo de alguns PS's e outros notáveis como fundo. Situações como as de Paulo Pedroso e Carlos Cruz, por exemplo, não foram minimamente influenciadoras do repasto e da reflexão.
Comentar a "actualidade pedófila" é perigoso, não só porque se deve presumir a inocência de todos os detidos, como porque aparentemente a Justiça vem assumindo posições largamente questionáveis (e questionadas).
Todavia, há uma pergunta que "salta": fossem outros os detidos (e há-os), fossem outros os escutados (e há-os, certamente), haveria tais e tantas reflexões?
Arrisco um NÃO! (assim, gritado e exclamado). Não haveria, como não houve no passado mais ou menos longínquo. Por isso, arrisco também escrever o que pode ser levado à conta de "heresia": ainda bem que alguns foram detidos, ainda bem que alguns foram (são) escutados!
Acordaram os políticos para eventuais alterações a uma legislação eventualmente injusta. No fim, todos poderemos ganhar.
O seu a seu dono
Já encontrei o blog onde li "aquilo" do negócio do fogo. Foi aqui.
As minhas desculpas pela omissão de ontem.

segunda-feira, julho 28, 2003

Sobre os incêndios
Ouvi há pouco numa televisão qualquer alguns populares a queixarem-se da acção (ou da falta dela...) dos bombeiros no incêndio do Fundão. Os homens estavam naturalmente desesperados por verem arder as suas riquezas, mas, francamente, custa-me pouco a acreditar que haja algo de verdade no que disseram.
De facto, parece impossível que não seja possível fazer (um pouco que seja) mais no combate aos incêndios florestais. Já nem me refiro a tudo o que seria possível fazer no que respeita ao ordenamento das matas, mas a uma efectiva prevenção. Lembro-me de, não há muitos anos, tudo quanto era comunicação social ter feito alguma "propaganda" de um invento nacional que permitiria antecipar os fogos, a partir de sensores colocados nas florestas e na análise das previsões meteorológicas.
Li, e não me lembro em que blog, uma interessante reflexão em torno do "negócio do fogo". Daquilo se pode dizer que se não for assim, é pelo menos bem provável: quantos ganham com os fogos?
Ganha quem os ateia, seja lá pelo que for que o faça.
Ganha quem os combate, pelo menos as empresas dos "meios aéreos".
Ganha quem altera o uso do solo depois dos incêndios.
E ganha muita gente que faz carros de bombeiros (e não serão [ou terão sido...] alguns desses empresários bombeiros?)
Neste "negócio" há muito a ganhar. E quem perde nem saberá por que perde...
Se o problema fosse encarado de outra maneira (e não apenas em cima da "época dos fogos"), Portugal escusaria de ser obrigado a pedir ajuda à Espanha...
Buraco negro
Não encontro outra definição melhor para o "caso Casa Pia". Como se não bastassem todas as confusões que enchem páginas e páginas de jornais em torno de uns quantos notáveis, agora é um dos principais "acusadores" que passa a acusado (ler, por exemplo, aqui).
Algures lá para trás, escrevi algo como: a Justiça não sairá bem deste filme, mesmo que alguns dos "notáveis" também não. Mas se se confirmar esta última notícia, creio chegarmos ao retrato perfeito do que é a nossa sociedade hoje em dia.

domingo, julho 27, 2003

Em tratamento
Este fim de semana estive em tratamento preventivo (e intensivo) da osteoporose...

sexta-feira, julho 25, 2003

Fantástico
É a primeira vez, e só o faço agora porque considero a frase fantástica.
Li no "Cerco do Porto" isto: “Um jornalista só é notícia quando morre, e tem de ser muito bom, ou quando mata, e tem de ser muito mau”.
Será a sério?
Li aqui que os camionistas estão preocupados com a segurança nas estradas e preparam uma manif/desfile para sábado nas imediações de Aveiro.
Os homens apontam defeitos de construção a muitas estradas para justificar, presumo, a elevada sinistralidade. E pedem mais investimento do Governo na segurança. Estou completamente de acordo.
O Governo podia, e devia, investir em mais patrulhas para a Brigada de Trânsito (especialmente não corruptos...). Podia ser que assim houvesse condições para verificar eficazmente a velocidade a que se deslocam os "monstros", podia ser que assim acabassem as corridas que fazem entre eles, as ultrapassagens tipo "chega para lá que eu sou maior", os excessos de carga, de tempo ao volante e de álcool.
Aposto que haveria menos acidentes.
Merda para o ministro
Não gosto de usar aqui linguagem mais "livre" mas, francamente, neste caso é uma forma de protesto.
A Quercus entregou (ou vai entregar) dois baús de esterco de porco ao ministro da Agricultura. É justo, mas é pouco: devia ser mais porcaria e devia ser para mais ministros (actuais e anteriores), de mais pastas, para alguns dirigentes intermédios da administração pública (por exemplo directores regionais da agricultura, ambiente e economia) e, até, alguns "dirigentes ambientalistas" - que se comportam como a comunicação social: só se lembram da poluição quando ela cheira mais mal.
De facto, alguém se lembra de algum trabalho continuado de denúncia, por exemplo durante o Inverno? Claro que não, mais que não seja porque durante o Inverno há mais água nos rios e ribeiros e, portanto, a porcaria estando lá não cheira.
Suiniculturas há-as um pouco por todo o País, mais aqui que ali, mas tão poluente acolá como acoli. "Desregulação" (será um eufemismo para irresponsabilidade), há, portanto, em todo o País. E culpas... principalmente culpas.
Das Câmaras que, se licenciam as construções, as licenciam para fins diferentes (nos anos 80 eram barracões para alfaias agrícolas...); dos serviços do Ministério da Agricultura, que não fiscalizam os efectivos nem onde eles se encontram; dos serviços do Ministério do Ambiente, que fazem que veêm mas não veêm, se veêm não actuam, se actuam não se nota.
Os ambientalistas, lamentavelmente, também saem sujos de toda esta história. Porque parecem mais preocupados com o show-off do que com a eficácia da acção.
Esta acção da Quercus (por acaso ignorada pelo seu próprio site...) peca, portanto, por tardia: ganham mais uns minutinhos de glória televisiva, mas perdem precisamente por parecer que só se preocupam com as aparências.

quinta-feira, julho 24, 2003

O fim do caminho
Pronto! A TSF acabou. O Rangel vai dar cabo daquilo: vai ser pior que o pior que ele fez na SIC e na RTP.
Nem me apetece dizer mais nada.

quarta-feira, julho 23, 2003

Faro... ainda
As "Escutas telefónicas" da TSF levantaram hoje uma questão interessante, ainda a propósito da concentração motard de Faro.
Alguém se lembra se no ano passado (e nos anteriores) já tinha acontecido aquela razia nos elementos da Brigada de Trânsito?
Escutas de Ferro
Francamente já não há pachorra para a lamúria de Ferro Rodrigues e as escutas telefónicas de que é (será...) alvo. Ele é conselheiro de Estado, ele prestou relevantes serviços ao País, ele...
Ele é, perante a Justiça, um cidadão como outro qualquer e fica-lhe muito mal esta constante invocação de um qualquer regime excepcional para políticos. Não lhes basta o que já têm?
Em qualquer caso, a coisa está a caminhar para o descrédito total e completo do sistema: num dia, um jornal garante que há escutas; no outro, dois jornais titulam o contrário; hoje, o primeiro insiste que sim e vai ao pormenor (ou maior...) de escrever que foram mais de 1700 telefonemas (no interior, porque na primeira página são mais de 1800...
Deixando de lado esta coisa curiosa de a mesma edição do jornal avançar números diferentes, o facto é que, deste processo da pedofilia, a Justiça não vai sair limpa... e fará companhia aos políticos.

terça-feira, julho 22, 2003

Talvez "bater no ceguinho"
Li agora na TSF uma notícia bem interessante, se vista em conjugação com o post anterior.
Em resumo, e no primeiro semestre do ano, o comércio tradicional registou uma diminuição das vendas, em contraposição com as grandes superfícies, que fizeram mais negócio.
O interessante da coisa é que, enquanto a associação das grandes superfícies quantifica o crescimento (mais 4,8 por cento, correspondentes a um bolo total de 3.029 milhões de euros no sector alimentar), os representantes do comércio tradicional (União das Associações do Comércio e Serviços e Associação dos Comerciantes do Porto) falam de crise e apontam quebras entre os 40 e os 60 por cento (!). Números, todavia, nada... zero!
Os dirigentes falam mesmo de situações em que não está a ser pago o subsídio de férias aos trabalhadores e culpam, claro!, o Pagamento Especial por Conta.
Insisto no que já escrevi: se têm tanta diminuição de vendas, ainda vendem alguma coisa? Ou já têm que ser os clientes a depositar coisas nas lojas?
Algumas perguntas finais: apesar da crise (que é óbvio que existe), como se explica o crescimento de vendas nas grandes superfícies? Não será resultado de uma transferência do comércio tradicional? E por que será?
Pensam que somos parvos?
Faro, "em peso", levantou-se em protestos contra a actuação da PSP e da GNR (BT) durante a recente concentração motard naquela cidade.
Desde o presidente da Câmara ao presidente dos hoteleiros e comerciantes, "toda a gente" se atira às forças policiais por... terem cumprido a obrigação. Poderia estranhar-se que PSP e GNR não actuassem mais vezes daquela maneira, mas contestar que os agentes tenham feito o que se espera deles é fantástico!
O que todos dizem - incluindo, naturalmente, o motoqueiro-mor da cidade - é que a imagem do País saiu prejudicada. Eu pasmo: querem então fazer-nos crer que o que é bom para Portugal é que meia dúzia de motoqueiros que nos visitem regressem a dizer a amigos e conhecidos que isto é porreiro porque: se pode circular sem capacete; se pode conduzir com excesso de álcool; não é preciso que as matrículas cumpram as normas; não é sequer preciso que os motos tenham matrícula; pode roubar-se uma moto, colocar-se outra matrícula ou matrícula nenhuma e circular porque ninguém está atento.
É solene! É então "esta" a imagem que os "papagaios" do principal destino turístico nacional querem passar para o estrangeiro. Deve ser a mesma de que se queixaram quando, há uns anos, a imprensa inglesa desaconselhou o Algarve porque havia uma forte tendência para esquentadores rebentarem ou largarem gás (o que, estranhamente, foi em alguns casos mortal...).
A lamúria é especialmente curiosa vinda dos comerciantes: então não é que o comércio registou quebras de 50 por cento nos dias da concentração? A somar às sucessivas "perdas" de sucessivos anos (alguém conhece algum "comerciante" que não registe perdas nos últimos dez anos e sempre na casa dos dois dígitos?), é digno de nota que não tenham falido todos...
Já agora... se não estou enganado nos números, só a BT da GNR registou perto de 500 infracções durante o fim-de-semana da concentração motard de Faro!
Pensam que somos parvos? Ou querem-nos fazer disso? Tá tudo doido...
Os fogos e os bombeiros
Ouvi há bocado - à hora do jantar... - a presidente da Câmara de Vila de Rei (ou Sertã, ou algo perto de onde andaram as chamas) a criticar fortemente a actuação dos bombeiros, especialmente no que ao comando diz respeito.
É claro que os bombeiros não gostaram e que se calhar a senhora exagerou nas críticas, o que as torna injustas. Mas parece-me que muita gente que se pavoneia no comando dos bombeiros (pessoas assim, como dizer, do nível distrital para cima) mostra-se muito mais preocupada em aparecer na TV (de preferência de blusão e boné vermelho com um "jipe" como fundo) a mandar uns bitaites num palavreado que talvez já se possa considerar "bombeirês", do que efectivamente coordenar o combate aos fogos.
Admito, humildemente, estar a ser profundamente injusto, mas há muito que desconfio de incompetência na proporção que os incêndios assumem, mesmo conhecendo quão acidentado é o País e quão desordenada está a floresta.
Mas, caramba!, 500 homens, aviões e helicópteros para combater durante três dias um fogo devia dar, pelo menos, para não deixar arder casas...
Mudanças
Uf! Depois de aturadas investigações (e de quase queimar as pestanas no écran do computador), consegui mudar o visual desta coisa para uma coloração mais de acordo comigo. Fantástico...

domingo, julho 20, 2003

Mauzões
Ausente da civilização durante o fim-de-semana, só agora posso deixar aqui a minha revolta quanto ao comportamento dos agentes da Brigada de Trânsito do Algarve.
Então não é que aqueles mauzões resolveram inspeccionar boa parte dos participantes na concentração motard de Faro? Então não é que, não contentes por mandarem parar alguns (espero que muitos...) motoqueiros, ainda se deram ao arrojo de multar uns quantos?
Há direito? Há direito que se importunem uns senhores civilizadíssimos, que se deslocavam sem capacete (uns), com motos sem matrícula (outros) ou mesmo com matrículas falsificadas? Há direito?
Claro que não! E daqui, embora tarde, mando umas palavras de solidariedade para com os oprimidos e perseguidos motociclistas: vão bugiar e tenham vergonha!

sexta-feira, julho 18, 2003

Sobre o Euro 2004
Tá bem! Vou tentar manter o anonimato, mas assumo a naturalidade: sou de Leiria. Vem esta "confissão" a propósito do Euro 2004 e das auditorias mensais que a PriceWaterHouseCoopers (será assim que se escreve?) vem fazendo aos dez estádios do campeonato da europeu de 2004 (tudo aqui).
Pois bem, em Abril passado, a remodelação do estádio municipal de Leiria registava (segundo os auditores) um "atraso global de quatro semanas". Em Maio, esse atraso reduzira-se para apenas uma semana. E agora... plim, plim, a obra está em dia.
Quem liga mais a estas coisas do futebol, deve com certeza lembrar-se do estardalhaço que se fez, periodicamente, em torno do estádio da minha terra. Houve até quem dissesse que o Euro 2004 não devia passar por aqui porque as obras não acabavam a tempo. Tudo isto, sempre, em contraponto com os responsáveis autárquicos, que sempre garantiram a conclusão dos trabalhos a tempo.
Bairrismos à parte, que não são para aqui chamados, ainda um dia gostava de perceber o que de facto se passou: houve de facto interesse em "queimar" Leiria e tudo esteve sempre sob controlo ou as obras estiveram mesmo atrasadas e esta aceleração vai-me sair do bolso?
Curioso, nisto tudo, é dar uma vista de olhos pelos outros estádios. Atrasos, houve em muitos outros e não se fez a mesma barulheira... E agora, surpresa!, vêm os mesmos auditores "descobrir" que o estádio do Bessa (do Boavista FC) não tem os 30 mil lugares exigidos pela UEFA (são menos 1737).
Ora isto é grave. Por um lado, porque esse sim pode ser recusado pela UEFA. Por outro, porque as comparticipações do Estado português aos promotores são calculadas em função do número de lugares: será que o Boavista vai receber menos (quiçá mesmo devolver algum...)? Quem manda mais? o PM Durão Barroso ou o pres. da CM de Gondomar e pai do Loureiro presidente do Boavista?
A imunidade parlamentar
O deputado João Cravinho (socialista, mas falando a título particular) vem defender, aqui, que se deve alterar aquela disposição legal (uma eventual alteração do regime das imunidades deve separar responsabilidades que decorrem exclusivamente do exercício parlamentar de casos "de outra natureza'").
Esta discussão é muito curiosa. A imunidade parlamentar, tal como a conhecemos (nenhum deputado pode ser chamado a Tribunal sem autorização dos seus pares), existe há décadas e raramente foi questionada. Dava, aliás, muito jeito para nem sequer pagar multas de estacionamento...
Agora é criticada a torto e a direito (ou à esquerda e à direita), consoante vem a propósito para enterrar uma farpa nos adversários.
Cravinho até tem razão: o ex-ministro comentava o caso de um famoso deputado do PSD, oriundo de Águeda, que parece ter-se distinguido apenas com "cabo eleitoral" (vulgo cacique) e ofertante de leitões assados a umas quantas individualidades, Cavaco incluído. O dito cujo está metido numa trapalhada qualquer e foge como pode de ir depor presencialmente. Penso até de que só quis ser deputado precisamente para fintar a Justiça, já que aquele tipo de gajo dá-se muito melhor nos bastidores do que à luz do dia.
Mas Cravinho só terá razão plena, ele e todos os que agora criticam a imunidade (ia a escrever impunidade...) parlamentar se, no primeiro dia da nova sessão legislativa (sim, porque os senhores deputados já estão de [longas] férias), apresentar uma proposta de alteração à lei que limite o recurso à habilidade.
Por que será?
Ler a imprensa regional dá-nos acesso a muita informação interessante, mesmo que os ditos jornais o não pareçam.
Hoje, "O Correio de Pombal" (tem site, aqui, mas está desactualizado...) desvenda uma situação no mínimo curiosa.
Então, é assim: o administrador da empresa responsável pela recolha selectiva de resíduos sólidos urbanos revela que a média de recolha de vidro nos seis concelhos em que a empresa actua é de sete quilos por habitante e por ano; todavia, em Pombal, cada habitante deposita, por ano, dez quilos de vidro nos contentores...
Por que será? Se a água e a generalidade dos refrigerantes vêm em recipiente de plástico (pelo que não será do Guaraná...), se as embalagens gordurosas não se devem colocar nos vidrões... resta o vinho! Será?...

quarta-feira, julho 16, 2003

Foguetes II
Reli agora o que escrevi domingo - "O Lis safou-se desta" - e já não me lembrava...
O meu espanto, como a notícia da morte do outro, era um tanto exagerado. Os porqueiros preparavam os foguetes...
Encontro "imediático"
Numa pesquisa no site da Universidade de Coimbra sobre temas de jornalismo, encontrei uma "pérola".
Não sei se resulta de um ataque de hackers, se de uma distracção ou simples erro, mas de facto é surpreendente.
Sigam este link e aí chegados procurem o jornal "on-line" da Licenciatura em Jornalismo...
Foguetes
Os suinicultores de Leiria comemoraram, à sua maneira, o acordo para a despoluição da bacia do Rio Lis. Hoje de manhã, como costume, houve mais uma descarga no afluente do costume (aqui). Estranhos foguetes...
Como de costume, os do costume já estão no local para investigar o caso. Como de costume, vai-se concluir que não se conclui nada: foi uma descarga orgânica, de origem desconhecida. Como de costume, os dirigentes associativos do sector virão lamentar, de ar compungido, mais um atentado ambiental, blá, blá, blá...
Há dias, aqui n'O voo do mocho - "Feios, porcos e maus", 03/07/07 -, defendi que se abatesse todo o efectivo suinícola da região. É o único caminho!

segunda-feira, julho 14, 2003

Ota... de otário
Carmona Rodrigues, o "novo" ministro das Obras Públicas, foi sexta-feira ao Bombarral explicar que, afinal de contas, não tinha dito que o novo aeroporto da Ota não avançaria ou que, se avançasse, seria um mero terminal de voos charters. O governante, ao que leio, foi hoje à Assembleia da República comprometer-se com datas e tudo! As obras começam em 2007, repetiu.
Será para acreditar? Lembra-se alguém do que Durão disse durante a campanha eleitoral: "enquanto houver listas de espera não há novo aeroporto"? E alguém se lembra da posição do ex-ministro Valente de Oliveira? Pois... se calhar ninguém se lembra, mas não era aquela... nem qualquer das de Carmona Rodrigues, que só por si já vai em duas: não à Ota (ao "Expresso") e sim à Ota (no Bombarral e na AR).
É certo que construir um novo aeroporto não é o mesmo que abrir um buraco no chão e construir um fontanário. É certo que não é sequer o mesmo que construir uma estrada. Mas, talvez também por isso, exige-se um pouco mais de firmeza, convicção e, antes disso tudo, trabalho de casa!
De contrário - que é a realidade... - estão a fazer de nós otários.

domingo, julho 13, 2003

Notas soltas
Notas com pronúncia do Norte...
Mais um candidato a PR
Luís Filipe Meneses veio dizer que não disse o que disse ao "Expresso". Veio dizer que não disse que poderia ser candidato à Câmara do Porto. Às TV's disse que não disse o que o "Expresso" disse que ele disse. Disse que o mais provável era abandonar a política activa, ou então concorrer de novo a Gaia, ou ao Porto para fazer das duas uma única cidade.
Não sei bem porquê (...), mas a rábula fez-me lembrar Pedro Santana Lopes, quando um dia foi chorar no ombro do PR, queixando-se de que andavam só a dizer mal dele e que ia abandonar a vida política: depois disso foi presidente da Câmara da Figueira, é presidente da Câmara de Lisboa, vice-presidente do PSD e vai preparando a candidatura a Belém.
Será que o outro quer o mesmo? Ou é só para chatear o Rui Rio?

Heresia
O "Expresso" deu-nos ontem a conhecer uma tal "Filomena", que parece que afinal já era conhecida por ter sido secretária do "papa", ter casado com ele (onde é que já li histórias destas?) e ser a mãe da filha dele. A senhora (que deve de facto ser muito importante, para merecer entrevista "Única"...) queixa-se de tudo e mais umas botas, diz que o "papa" é mau carácter e garante que ele já não manda como dantes.
Tudo aquilo bem espremido, fica-se de facto a saber que a senhora se prepara para trabalhar no Benfica. Quando eu mudar de emprego também quero entrevista no "Expresso"...

Nota sem cheiro...
O Lis safou-se desta
Devia ser notícia e não foi. Este fim-de-semana choveu (é certo que pouco) e não houve nenhuma descarga no Rio Lis. Fiquei chocado: vi todas as aberturas de telejornais e nem um segundo! Chover em Leiria e não haver descarga de suinicultura, desculpem, mas é mais notícia que a camisola amarela do americano na Volta à França.
Deviam ter investigado o que aconteceu aos porqueiros! Para onde foram? Estarão doentes? O País está intrigado...

quinta-feira, julho 10, 2003

PEC 2
Ora bolas! A ministra Ferreira Leite desiludiu-me. Então às 20 horas, em directo nas TV's e rádios, garante que não cede e apanha-me a dormir e promete um 'grupo de trabalho' para analisar o problema dos taxistas!...
É certo que eles vão pagar a primeira prestação do PEC, mas agora os comerciantes também pedem um 'grupo de trabalho', depois hão-de ser outros quaisquer e no fim, desconfio, vai tudo continuar a não pagar ou a pagar muito menos do que deviam.
Senhora ministra... eu também quero um 'grupo de trabalho'! E olhe que já paguei metade do IRS que me cabe para este ano...

quarta-feira, julho 09, 2003

O PEC
No mundo das siglas, vamos lá então a mais esta...
Exactamente!: o Pagamento Especial por Conta, algo que muitos "empresários" estão a contestar vivamente e justificou uma conferência de imprensa da ministra das Finanças à hora do jantar.
Ouço e fico basbaque! Como se não bastasse que quase metade das "empresas" portuguesas funcionem em défice constante sabe-se lá há quantos anos (!), vem agora um conjunto de senhores dizer que não é justo, que não podem pagar, que há os subsídios de férias, que a conjuntura está má, que, que, que...
Salvo erro, houve até um qualquer presidente de uma qualquer "associação empresarial" que ameaçou (!) com o não pagamento dos subsídios de férias aos trabalhadores.
Curioso... Eu lembro-me que periodicamente surge uma notíciazita sobre um qualquer empresário que não entregou no local respectivo as contribuições e descontos dos seus empregados. E isto, salvo erro, é roubo - duplo, no caso, pois lesa o Estado e abotoa-se com o dinheiro dos trabalhadores.
Pois são estes mesmos senhores que andam agora para aí a chorar que não têm dinheiro para começar a pagar IRC! Ora essa?! Não têm o equivamente a vinte contitos por mês? E têm a porta aberta?...
E a mim? alguém me pergunta ao final de cada mês se quero descontar para o IRS? Se aquele dinheiro me faz falta?
Não há limite para a desfaçatez...
(Ainda hei-de encontrar quem me explique como é que com a economia "à beira da catástrofe" se compram tantos topos de gama para umas loiras andarem a passear nas cidades!)

segunda-feira, julho 07, 2003

Feios, porcos e maus
Abatam-se todos os porcos, prendam-se os porqueiros!
Não há, não pode haver, meias medidas. Se uma "classe profissional" não respeita minimamente as regras, se um sector económico só sabe chorar e pedinchar, nada fazendo para auto-regular a sua actividade, acabe-se com ela (classe) e com ele (sector).
Eles são muitos, sabe-se. Mas são muito menos que os outros, os cidadãos que têm que conviver com eles e com a porcaria que produzem e deitam para os cursos de água. A paciência tem limites, a tolerância não é infinita.
E se o diálogo e os alertas, as tentativas de consciencialização falham, restam as medidas drásticas: abatam-se os porcos - todos -, fechem-se as explorações, se necessário com legislação de excepção. Ou a saúde pública não será um dos direitos superiores dos cidadãos e das sociedades?
Se Leiria, há dez meses, teve que fechar as torneiras, pode-se muito bem fechar as portas aos porqueiros. E pode-se, deve-se, responsabilizar quem permite que esta situação se verifique. O Ministério do Ambiente tem de ser directamente responsabilizado. Não pode haver desculpa de falta de dinheiro, de falta de pessoal: mobilize-se a GNR, o Exército, a Judiciária, seja quem for.
Isto não pode continuar a acontecer. E será que as autarquias - a de Leiria em primeiro lugar - admitem continuar a aceitar que o nome dos seus concelhos seja manchado por porcarias destas? Meia dúzia - ou várias dúzias - de energúmenos não podem continuar impunemente a ganhar dinheiro à custa da saúde dos outros, à custa do nome dos concelhos onde estão instalados.
Já chega!

domingo, julho 06, 2003

Fim de semana
Pois... Dá algum mau aspecto deixar um dia em branco, escrevi aqui na sexta-feira. E ficou sábado e ia ficando o domingo, porque foi um fim de semana de descanso para o cérebro: nem jornais, nem rádio, nem televisão. Sol, areia e mar!
Mas de regresso a casa, sempre soube que os porqueiros de Leiria "deixaram correr" mais porcaria para o rio. Aquilo só melhora com medidas radicais: matar-lhes o efectivo e impôr um vazio sanitário até que seja instalado um eficaz sistema de tratamento e eles legalizem definitivamente as pocilgas! Já chega...

sexta-feira, julho 04, 2003

Branca
Sei que não é obrigatório postar todos os dias, muito menos várias vezes ao dia, mas dá algum mau aspecto deixar um dia em branco.
Hoje, porém, deu-me uma "branca" - quem faz/fez rádio sabe - e não tenho assunto. Fica, de qualquer maneira, tapado o buraco.

quinta-feira, julho 03, 2003

Como?
"Portugal tem polícias a mais", concluiu um qualquer inspector geral da coisa... creio que chamado (apropriadamente) Maximiano! Pois...
A malta bem os procura nas ruas... na generalidade sem sucesso! Ele é montes de veículos mal parados, ele é cada um cada vez maior sentimento de insegurança, ele é... todos sabemos! Mas um qualquer iluminado vem dizer que há "chuis" a mais. Das duas uma: ou há chuis a mais nas esquadras (e devem vir para a rua), ou o Maximiano qualquer coisa está tantan... e deve ir ele para a rua.

"O estado da oposição é pior que o estado da nação", terá dito o primeiro-ministro na Assembleia da República. O que não coincide de todo com (mais) uma sondagem hoje divulgada, que põe o PS largamente à frente do PSD. Já aqui escrevi que somos vários países: num só período de sete dias, três sondagens desmentem-se sucessivamente umas às outras. O mal não é Durão Barroso dizer o que disse (faz o seu papel...): o mal é que instituições que se supunha serem independentes aumentam a confusão. Será isto apenas uma amostra?...

Os "empresários" estão muito preocupados com o "pagamento especial por conta"! Dizem que não se aguentam e ameaçam não pagar o 13º mês aos seus "colaboradores"... Não percebo tanta choradeira! Será possível que haja em Portugal uma única empresa que não consiga suportar um montante anual mínimo de 1200 euros?
Desculpem! Claro que há... Muitas até: todas as cujos donos compraram os BMW, Volvo, Mercedes, barcos, BMW, Volvo, Mercedes, barcos...
Haja vergonha!

quarta-feira, julho 02, 2003

Vida má
Começou mal, o mês de Julho! Trabalho, trabalho, trabalho. Pouco tempo livre, mesmo mentalmente, sequer para ouvir notícias, quanto mais para pensar na vida. Por isso este "diário" está quase às moscas. Só um postezito, para justificar a sua existência e provar que continuo vivo.
Dormi tão a correr - um amigo ensinou-me há anos que nunca se dorme pouco... dorme-se é mais ou menos depressa - que nem consegui ouvir decentemente as notícias. Fixei apenas que Portugal tem mais concelhos - para alegria de uns e desespero de outros - mais cidades e mais vilas.
O que é um paradoxo (ou mais...).
Em primeiro lugar, continuam-se apenas a satisfazer clientelas (em nome do "cumprimento de promessas eleitorais"), sem curar de saber se se justifica pulverizar ainda mais a administração local.
Em segundo lugar, não percebo por que não se extinguem outros concelhos, manifestamente demasiado pequenos para se justificar a respectiva existência.
Em terceiro lugar (em boa verdade talvez em primeiro...) a par da criação de novas cidades e vilas, o Parlamento devia decretar o fim/extinção de aldeias: talvez tivessem mais cuidado na aprovação de alguma legislação e olhassem de outra maneira para a galopante desertificação do País (que já não apenas do chamado interior).
Vejam a lista de escolas a encerrar, divulgada ontem, e reparem que são às centenas, até em distritos do "litoral".
Acreditam que alguém queira ir viver para uma povoação que nem sequer escola tem? Pois é: deviam ser consequentes. Decretado o fecho da escola, deviam lá voltar uns anos depois para fechar o que restará da aldeia e riscá-la do mapa.
Recuso-me a admitir como ciência certa que seja melhor para as crianças deslocarem-se para aceder a equipamentos impossíveis de disponibilizar em todas as escolas. Talvez seja assim, mas neste caso a política certa era apostar no "esvaziamento" das cidades, demasiado povoadas para serem sítios agradáveis para viver.
Pouco me importa que contra-argumentem com o estafado exemplo europeu: se o querem verdadeiramente seguir, vejam que "lá fora" a concentração citadina está a provocar aumentos galopantes de violência e insegurança. Estamos a tempo de aprender com os erros alheios...
Já agora: se se fecham escolas por terem "clientes" a menos para funcionarem bem, ao lado criam-se "micro-concelhos"? Então aqui não se aplica o princípio da optimização de recursos?...

terça-feira, julho 01, 2003

Paradoxo
Ouvi hoje de manhã na TSF, a propósito dos 100 anos da Volta à Fraça em bicicleta. Um qualquer ex-corredor português, que já correu a prova, falou nos enormes sacrifícios que passam todos os atletas, mesmo aqueles que só querem "chegar a Paris". Não consigo perceber que raio de prazer se tira de tantos sacrifícios...

segunda-feira, junho 30, 2003

Para rir
Leram? Há lugares no novo estádio da Luz onde as pessoas só chegam acocoradas... Parece que houve um erro de cálculo e as vigas de sustenção da cobertura deixam pouco mais que um metro livre até aos assentos. Ou talvez não seja erro e o Benfica tenha exigido aqueles lugares para anões... Ou para os adeptos adversários: quando qualquer deles se levantar para festejar um golo ou insultar o árbitro... pode até morrer da cabeçada!
Deu também para ler hoje que, ainda o estádio da Luz, uma qualquer das empresas que negociou com o "enorme" Vale e Azevedo ameça fazer parar as obras. Não há de ser nada... e uma paragenzinha até pode vir a propósito, para meter uns macados hidráulicos nas vigas e levantar a cobertura...
Este Euro 2004 ainda vai dar muito mais que falar, graças a deus, e fazer-nos rir. Haja esperança!

domingo, junho 29, 2003

Um espanto!
O "Expresso" de ontem confirmou (?) um post anterior. Somos mesmo dois países (pelo menos...)!
Então não é que aquele jornal garante, logo na primeira página, que a esquerda domina em Portugal?... Tá-se mesmo a ver: Durão Barros deve ser do PS, Paulo Portas do Bloco de Esquerda (afinal o Miguel é que é do CDS...), Celeste Cardona do PCP (do que já se desconfiava desde que se soube que participou na Comissão de Trabalhadores da Lisnave...), Nuno Morais Sarmento será igualmente do PS (tendêndia "boxista"...) e por aí fora.
O que me parece difícil é catalogar o Ferro Rodrigues e o Manuel Alegre, a não ser que integrem a ala "urbana" do PSD, ainda com o Sousa Franco ou o Emídio Guerreiro como líder...).
A sério: por quem nos tomam os directores dos jornais e/ou os responsáveis das empresas de "estudos de opinião"? Por atrasados mentais? Por distraídos? Ou estão convencidos que os portugueses só lêem um jornal cada um?
A esquerda domina em Portugal? Francamente "Expresso"... Domina como, se até o Santana Lopes derrotaria o Mário Soares nas presidenciais? Domina como, se o governo que temos é do PSD e do CDS? Domina como, se na véspera o "Público" garantia que, se houvesse eleições, aqueles partidos mantinham a maioria absoluta?Não tinham mais nada para encher a página? Não têm vergonha? Eu teria...

sexta-feira, junho 27, 2003

Excelentíssimos deputados
Hoje, já sabem, acordei mal disposto. E continuo...
A meio de uma garfada do (rápido) almoço, caiu-me no prato a notícia de 50 nossos excelentíssimos deputados estarem zangados com o presidente da Assembleia da República, por este ter considerado injustificadas as faltas que aqueles deram para ir a Sevilha render vénia ao senhor Jorge Nuno (por alguns tido como o "papa" do futebol).
E estou indignado com o dr. Mota Amaral. Há lá direito que Sª Exª não aceite que aquela meia centena de representantes do povo se deslocou em "trabalho político"? Há lá direito que o Presidente da República, o primeiro-ministro, não sei quantos ministros e outros tantos secretários de Estado se tenham deslocado em serviço e que os deputados não? Há lá direito que alguém (para além do presidente da Câmara do Porto e o "Abrupto" Pacheco Pereira) pregue ao vento a separação entre política e futebol?
Não, não há!
Veja Vª Exª que, do outro lado, esteve a Rainha de Inglaterra (e toda a sua família), o governador (ou lá o que é) da Escócia, os presidentes de todas as Câmaras da "província", o "presidente" do Parlamento, enfim, tudo quanto era individualidade e pluralidade.
Nós, que somos grandes, só mandámos o PR, o PM, uns ministros e secretários de Estado, meia dúzia de presidentes de Câmara e vereadores... Se Vª Exª não aceita a justificação dos excelentíssimos deputados, nunca mais nenhum deles vai aceitar tamanho sacrifício de representação pátria. E então, o que será de nós?...
Senhor dr. Mota Amaral: eu, eleitor (e muito provavelmente de algum dos 50...) venho intimá-lo a considerar justificadas as faltas daquela meia centena. Mais: entendo que Vª Exª deve propô-los para uma qualquer comenda. Quiçá a "Comenda dos Trabalhadores Estreantes". Sim! Dos "Trabalhadores Estreantes", porque desconfio que nenhum dos tais 50 tenha jamais feito algum "trabalho político" (ou qualquer outro...)
Diga-nos com sinceridade, senhor presidente da Assembleia da República: deu por falta daqueles 50? Não? De certeza? Então... aceite as justificações e designe-os representantes permanentes da AR no campeonato de futebol do Azerbeijão. Sem faltas ou ajudas de custo.
Querido diário
Hoje acordei mal disposto. Sobrepondo-se à buzina do meu despertador, uma voz (TSF) garantia-me que o nosso PM tinha, pela primeira vez, popularidade positiva e que, se houvesse agora eleições, PSD e CDS mantinham a maioria absoluta. Mesmo estremunhado, consegui lembrar-me que li ontem ou anteontem, num qualquer jornal, que o PS se mantinha à frente das intenções de voto. Afinal, quantos países somos?
Soube, pela mesma fonte, que a Noruega está a braços com um escândalo de pedofilia maior que o nosso. Não é justo...
Cara lavada
Lavei a cara a isto, se por acaso não repararam. Este modelo é mais limpinho e até consegui fazer algumas traduções e introduzir o endereço de e-mail. E até já sei fazer uma hiperligação para o correio...

quinta-feira, junho 26, 2003

Alteradas as alterações
A Câmara da minha cidade teve um rebate de consciência e já alterou as alterações ao trânsito que tinha introduzido hoje de manhã. Logo agora, que me tinha chegado a casa o mapa das mudanças!...
Não há nada como uns engarrafamentos, uns bons concertos de buzinas e uns recados de quem sabe (neste caso a Polícia) para acordar autarcas que dormem, andam distraídos ou, pior ainda, não percebem nada do que andam a fazer (ou a desfazer?...).
Será que vão torrar mais uma pipa de massa noutro mapa?
Milagre no estádio
Li e pasmei! Afinal, o estádio de Leiria para o Euro 2004 já só tem uma semana de atraso, relativamente às quatro de há pouquíssimos dias. Em Aveiro também já está tudo dentro dos prazos e em Braga mantêm-se as dez semanas de atraso. Agora, parece que o caso mais complicado é o do estádio do Boavista...
Houve milagre em Leiria e Aveiro e desmilagre no Porto, transferiram betão do Bessa para Aveiro e Leiria ou andam todos a brincar connosco?
Aqui para nós, creio que andam todos a brincar connosco, incluíndo o ministro Arnault que não deve ter mais nada que fazer do que comentar banalidades tipo "Queiroz em Madrid". Haja paciência, já que faltam decoro e competência.
Sobre a imprensa “escrita”
Anda aí na blogosfera uma grande irritação contra um qualquer cronista/director de suplemento/inimigo dos blogs. Entre muitos outros argumentos dispersos, li um que me fez soltar uma exclamação de espanto: então não é que ainda há quem insista na velha tese do fim do papel?
Lembro-me (e não sou assim tão velho...) que quando a net se começou a vulgarizar houve quem se apressasse a vaticinar (diria decretar) o fim dos livros e dos jornais: em breve (no próprio dia...) deixar-se-ia de comprar livros e jornais. Qualquer pessoa os leria na WWW, comodamente, sentada frente ao computador.
Nada daquilo aconteceu, nem poderia acontecer. Mais que não fosse porque não é prático levar o computador (e toda a tralha periférica) para o WC... Não podia acontecer porque não é de todo a mesma coisa ler no papel ou no monitor. Não podia acontecer porque, mais tarde ou mais cedo (como hoje está “cientificamente” comprovado), os conteúdos seriam pagos (não venham dizer-me que os livros e os jornais também, porque não é a mesma coisa).
Agora com os blogs passa-se o mesmo. Este espaço de infinita (?) liberdade não ameaça a imprensa “escrita”. E, se se pode dizer isto, muito menos em Portugal. Não concordaremos todos que ainda há um enorme défice de computadores? E que, além disso, os existentes estão mal distribuídos (eu, por exemplo, tenho três à disposição...)?
Se percebo o “fenómeno”, os blogs podem vir a ser mais um meio no universo mediático. Mais um, sublinho. Não em vez de um...
Deixem-nos crescer e multiplicar e desejem o mesmo aos jornais e livros. Sem medos e/ou antecipações futuristas/catastrofistas.
Já agora... Alguém me explica qual é a imprensa não escrita?