quinta-feira, julho 31, 2003

Sobre o Acontece
Quando a "coisa" veio a público não me apeteceu comentar, mas depois do que li, pensei que valia a pena deixar aqui a minha opinião.
Acho ridícula toda a choradeira em torno do fim do Acontece. Acredito, aliás, que boa parte dos choramingas nem sequer era consumidora daquele espaço televisivo. Choram por solidariedade e para dar um certo ar de esquerda, que fica sempre bem mesmo quando se vive à (extrema) direita.
Chamem-me o que quiserem, ponham-me o rótulo que quiserem... não me importo nem um bocadinho. Direi, até, que é para o lado que durmo melhor: detesto intelectualóides e acho que aquilo era uma treta. Rio-me, aliás, quando os mesmos que elogiam o espaço (e o seu autor) vêm para aqui postar sobre o umbiguismo e a troca de "fretes" entre amigos...
Resolvi-me a escrever o que atrás fica depois de ler "O Acontece acabou. So what, parte 2" no "Contra a corrente". Não conheço o autor, nem sequer o seu blog é de leitura habitual. Não vale a pena, por isso, "colarem-me" à sua posição ideológica, qualquer que ela seja...
Eis a chave!
Pois é... Precipitei-me para aqui, para debitar o que sobre fogos me ia na alma antes de acabar a leitura dos jornais. E fiz mal.
A resposta a muitas das questões levantadas abaixo ("Os fogos... de novo", "Sobre os incêndios" e "Os fogos e os bombeiros") está no "Jornal de Notícias" de hoje e só lá faltam os nomes, moradas e números de telefone de quem ganha com os fogos e de quem é culpado por o País arder tanto. De leitura obrigatória.
E porque o exemplar do jornal pode perder-se, ficam aqui alguns excertos, com a devida vénia ao jornal e aos jornalistas autores do texto:
(...) Pedro Lopes, vice-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) com a pasta da Análise de Riscos, garante que foram mantidas todas as acções de prevenção desenvolvidas pela ex-CNEFF. Admite, ainda assim, que houve cortes nalgumas verbas. O mais notório foi para a vigilância móvel de florestas. Passou-se de uma cobertura de 24 horas diárias a um único turno, "pelas horas de maior calor".
(...) Emílio Vidigal não poupa críticas (violentas) ao facto de continuar a ser muito maior o investimento feito em combate a fogos do que em prevenção. "O sr. ministro tinha prometido reforçar a prevenção, mas, em Março, fomos confrontados com a cedência aos lóbis da indústria de combate a fogos", afirma.
Sublinhando que "os produtores estão muito agradecidos à abnegação dos bombeiros", o vice-presidente da FPFP [Federação dos Produtores Florestais de Portugal] argumenta que esse trabalho no terreno não deve ser confundido com a indústria que lhe está subjacente. Apontando a espectacularidade de meios humanos destacados para o incêndio do Fundão, afirma que esta "comove os produtores do ponto de vista humano, mas não prático": "Só servem para alimentar o folclore da indústria dos bombeiros".
Os fogos... de novo
A presidente da Câmara de Vila de Rei volta à carga contra o sistema de combate aos fogos.
Há cerca de uma semana, a senhora já tinha criticado fortemente o sistema, mas agora foi ainda mais violenta (aqui), apontando o dedo à forma como actuam os "aviões bombeiros". A acusação é forte e dá razão a quem questiona o "negócio do fogo" (já aqui citei o "Guerra e Pas" sobre o assunto).
Irene Barata (assim se chama a senhora) diz com todas as letras que os "aviões bombeiros" apagam fogos que não existem e deixam arder os que existem, como forma de aumentar as horas de voo... e os lucros.
A presidente da Câmara de Vila de Rei não está sozinha nas críticas. O seu colega de Oleiros, também sem papas na língua, acusa os bombeiros de negligência, por não terem accionado os meios aéreos para um fogo em zonas de acesso difícil (aqui). Será mesmo que nada funciona como deve ser?
Já agora, e ainda no registo de negócio, alguém me explica como é possível que deflagrem incêndios durante a noite?
Que é isto?
Um grupo de notáveis generais do nosso Exército vai reunir hoje (mais um jantar...) para saber por que se demitiu o mais recente Chefe do Estado Maior.
Aqui, diz-se que o jantar "tem como finalidade o esclarecimento, tanto quanto a Lei e o interesse nacional permitam (...) sobre as circunstancias que determinaram o seu pedido de exoneração de Chefe de Estado Maior do Exército".
Não gosto disto! Quem são aqueles senhores (para além de ex-qualquer coisa) para saberem mais que o comum cidadão?
Também não gostei que a Assembleia da República tenha sido impedida de ouvir as razões profundas da demissão, mas é no mínino perigosa esta manifestação de "espírito de casta".
"Silly season" ou algo (muito) mais grave se passa em Portugal? De um lado as escutas, do outro "isto"?...

quarta-feira, julho 30, 2003

Ganda voo!
O mocho chegou ao Porto! Fantástico! Belo! Extraordinário! A sério: confesso que faz cócegas ao ego ver o nome do blog noutro blog, para mais tão longínquo quanto desconhecido.
Obrigado Porto e não te sintas cercado...

terça-feira, julho 29, 2003

Suas excelências pensaram
Sª Exª o Presidente da República e mais um conjunto de proeminentes figuras da nossa Justiça pensaram! Foi ontem à noite, à volta de uma mesa no palácio cor de rosa.
Pensaram, pensaram, pensaram... e concluiram serem necessárias reformas na Justiça. É claro, sublinhou Sª Exª, que não esteve em causa qualquer processo em concreto. É claro que aquelas brilhantes cabeças pensantes se reuniram a propósito de "nada". Pensaram, simplesmente.
É claro que nem sequer a oportunidade em que se juntaram pode ter algo a ver com qualquer processo em concreto. Quando muito (e estarei a ser injusto...) terão resolvido juntar-se em função de algumas queixas de cidadãos anónimos, que se sentiram injustiçados pela Justiça.
Não pode, pois, ser mais que uma coincidência que Sªs Exªs tenham jantado com o barulho oriundo de alguns PS's e outros notáveis como fundo. Situações como as de Paulo Pedroso e Carlos Cruz, por exemplo, não foram minimamente influenciadoras do repasto e da reflexão.
Comentar a "actualidade pedófila" é perigoso, não só porque se deve presumir a inocência de todos os detidos, como porque aparentemente a Justiça vem assumindo posições largamente questionáveis (e questionadas).
Todavia, há uma pergunta que "salta": fossem outros os detidos (e há-os), fossem outros os escutados (e há-os, certamente), haveria tais e tantas reflexões?
Arrisco um NÃO! (assim, gritado e exclamado). Não haveria, como não houve no passado mais ou menos longínquo. Por isso, arrisco também escrever o que pode ser levado à conta de "heresia": ainda bem que alguns foram detidos, ainda bem que alguns foram (são) escutados!
Acordaram os políticos para eventuais alterações a uma legislação eventualmente injusta. No fim, todos poderemos ganhar.
O seu a seu dono
Já encontrei o blog onde li "aquilo" do negócio do fogo. Foi aqui.
As minhas desculpas pela omissão de ontem.

segunda-feira, julho 28, 2003

Sobre os incêndios
Ouvi há pouco numa televisão qualquer alguns populares a queixarem-se da acção (ou da falta dela...) dos bombeiros no incêndio do Fundão. Os homens estavam naturalmente desesperados por verem arder as suas riquezas, mas, francamente, custa-me pouco a acreditar que haja algo de verdade no que disseram.
De facto, parece impossível que não seja possível fazer (um pouco que seja) mais no combate aos incêndios florestais. Já nem me refiro a tudo o que seria possível fazer no que respeita ao ordenamento das matas, mas a uma efectiva prevenção. Lembro-me de, não há muitos anos, tudo quanto era comunicação social ter feito alguma "propaganda" de um invento nacional que permitiria antecipar os fogos, a partir de sensores colocados nas florestas e na análise das previsões meteorológicas.
Li, e não me lembro em que blog, uma interessante reflexão em torno do "negócio do fogo". Daquilo se pode dizer que se não for assim, é pelo menos bem provável: quantos ganham com os fogos?
Ganha quem os ateia, seja lá pelo que for que o faça.
Ganha quem os combate, pelo menos as empresas dos "meios aéreos".
Ganha quem altera o uso do solo depois dos incêndios.
E ganha muita gente que faz carros de bombeiros (e não serão [ou terão sido...] alguns desses empresários bombeiros?)
Neste "negócio" há muito a ganhar. E quem perde nem saberá por que perde...
Se o problema fosse encarado de outra maneira (e não apenas em cima da "época dos fogos"), Portugal escusaria de ser obrigado a pedir ajuda à Espanha...
Buraco negro
Não encontro outra definição melhor para o "caso Casa Pia". Como se não bastassem todas as confusões que enchem páginas e páginas de jornais em torno de uns quantos notáveis, agora é um dos principais "acusadores" que passa a acusado (ler, por exemplo, aqui).
Algures lá para trás, escrevi algo como: a Justiça não sairá bem deste filme, mesmo que alguns dos "notáveis" também não. Mas se se confirmar esta última notícia, creio chegarmos ao retrato perfeito do que é a nossa sociedade hoje em dia.

domingo, julho 27, 2003

Em tratamento
Este fim de semana estive em tratamento preventivo (e intensivo) da osteoporose...

sexta-feira, julho 25, 2003

Fantástico
É a primeira vez, e só o faço agora porque considero a frase fantástica.
Li no "Cerco do Porto" isto: “Um jornalista só é notícia quando morre, e tem de ser muito bom, ou quando mata, e tem de ser muito mau”.
Será a sério?
Li aqui que os camionistas estão preocupados com a segurança nas estradas e preparam uma manif/desfile para sábado nas imediações de Aveiro.
Os homens apontam defeitos de construção a muitas estradas para justificar, presumo, a elevada sinistralidade. E pedem mais investimento do Governo na segurança. Estou completamente de acordo.
O Governo podia, e devia, investir em mais patrulhas para a Brigada de Trânsito (especialmente não corruptos...). Podia ser que assim houvesse condições para verificar eficazmente a velocidade a que se deslocam os "monstros", podia ser que assim acabassem as corridas que fazem entre eles, as ultrapassagens tipo "chega para lá que eu sou maior", os excessos de carga, de tempo ao volante e de álcool.
Aposto que haveria menos acidentes.
Merda para o ministro
Não gosto de usar aqui linguagem mais "livre" mas, francamente, neste caso é uma forma de protesto.
A Quercus entregou (ou vai entregar) dois baús de esterco de porco ao ministro da Agricultura. É justo, mas é pouco: devia ser mais porcaria e devia ser para mais ministros (actuais e anteriores), de mais pastas, para alguns dirigentes intermédios da administração pública (por exemplo directores regionais da agricultura, ambiente e economia) e, até, alguns "dirigentes ambientalistas" - que se comportam como a comunicação social: só se lembram da poluição quando ela cheira mais mal.
De facto, alguém se lembra de algum trabalho continuado de denúncia, por exemplo durante o Inverno? Claro que não, mais que não seja porque durante o Inverno há mais água nos rios e ribeiros e, portanto, a porcaria estando lá não cheira.
Suiniculturas há-as um pouco por todo o País, mais aqui que ali, mas tão poluente acolá como acoli. "Desregulação" (será um eufemismo para irresponsabilidade), há, portanto, em todo o País. E culpas... principalmente culpas.
Das Câmaras que, se licenciam as construções, as licenciam para fins diferentes (nos anos 80 eram barracões para alfaias agrícolas...); dos serviços do Ministério da Agricultura, que não fiscalizam os efectivos nem onde eles se encontram; dos serviços do Ministério do Ambiente, que fazem que veêm mas não veêm, se veêm não actuam, se actuam não se nota.
Os ambientalistas, lamentavelmente, também saem sujos de toda esta história. Porque parecem mais preocupados com o show-off do que com a eficácia da acção.
Esta acção da Quercus (por acaso ignorada pelo seu próprio site...) peca, portanto, por tardia: ganham mais uns minutinhos de glória televisiva, mas perdem precisamente por parecer que só se preocupam com as aparências.

quinta-feira, julho 24, 2003

O fim do caminho
Pronto! A TSF acabou. O Rangel vai dar cabo daquilo: vai ser pior que o pior que ele fez na SIC e na RTP.
Nem me apetece dizer mais nada.

quarta-feira, julho 23, 2003

Faro... ainda
As "Escutas telefónicas" da TSF levantaram hoje uma questão interessante, ainda a propósito da concentração motard de Faro.
Alguém se lembra se no ano passado (e nos anteriores) já tinha acontecido aquela razia nos elementos da Brigada de Trânsito?
Escutas de Ferro
Francamente já não há pachorra para a lamúria de Ferro Rodrigues e as escutas telefónicas de que é (será...) alvo. Ele é conselheiro de Estado, ele prestou relevantes serviços ao País, ele...
Ele é, perante a Justiça, um cidadão como outro qualquer e fica-lhe muito mal esta constante invocação de um qualquer regime excepcional para políticos. Não lhes basta o que já têm?
Em qualquer caso, a coisa está a caminhar para o descrédito total e completo do sistema: num dia, um jornal garante que há escutas; no outro, dois jornais titulam o contrário; hoje, o primeiro insiste que sim e vai ao pormenor (ou maior...) de escrever que foram mais de 1700 telefonemas (no interior, porque na primeira página são mais de 1800...
Deixando de lado esta coisa curiosa de a mesma edição do jornal avançar números diferentes, o facto é que, deste processo da pedofilia, a Justiça não vai sair limpa... e fará companhia aos políticos.

terça-feira, julho 22, 2003

Talvez "bater no ceguinho"
Li agora na TSF uma notícia bem interessante, se vista em conjugação com o post anterior.
Em resumo, e no primeiro semestre do ano, o comércio tradicional registou uma diminuição das vendas, em contraposição com as grandes superfícies, que fizeram mais negócio.
O interessante da coisa é que, enquanto a associação das grandes superfícies quantifica o crescimento (mais 4,8 por cento, correspondentes a um bolo total de 3.029 milhões de euros no sector alimentar), os representantes do comércio tradicional (União das Associações do Comércio e Serviços e Associação dos Comerciantes do Porto) falam de crise e apontam quebras entre os 40 e os 60 por cento (!). Números, todavia, nada... zero!
Os dirigentes falam mesmo de situações em que não está a ser pago o subsídio de férias aos trabalhadores e culpam, claro!, o Pagamento Especial por Conta.
Insisto no que já escrevi: se têm tanta diminuição de vendas, ainda vendem alguma coisa? Ou já têm que ser os clientes a depositar coisas nas lojas?
Algumas perguntas finais: apesar da crise (que é óbvio que existe), como se explica o crescimento de vendas nas grandes superfícies? Não será resultado de uma transferência do comércio tradicional? E por que será?
Pensam que somos parvos?
Faro, "em peso", levantou-se em protestos contra a actuação da PSP e da GNR (BT) durante a recente concentração motard naquela cidade.
Desde o presidente da Câmara ao presidente dos hoteleiros e comerciantes, "toda a gente" se atira às forças policiais por... terem cumprido a obrigação. Poderia estranhar-se que PSP e GNR não actuassem mais vezes daquela maneira, mas contestar que os agentes tenham feito o que se espera deles é fantástico!
O que todos dizem - incluindo, naturalmente, o motoqueiro-mor da cidade - é que a imagem do País saiu prejudicada. Eu pasmo: querem então fazer-nos crer que o que é bom para Portugal é que meia dúzia de motoqueiros que nos visitem regressem a dizer a amigos e conhecidos que isto é porreiro porque: se pode circular sem capacete; se pode conduzir com excesso de álcool; não é preciso que as matrículas cumpram as normas; não é sequer preciso que os motos tenham matrícula; pode roubar-se uma moto, colocar-se outra matrícula ou matrícula nenhuma e circular porque ninguém está atento.
É solene! É então "esta" a imagem que os "papagaios" do principal destino turístico nacional querem passar para o estrangeiro. Deve ser a mesma de que se queixaram quando, há uns anos, a imprensa inglesa desaconselhou o Algarve porque havia uma forte tendência para esquentadores rebentarem ou largarem gás (o que, estranhamente, foi em alguns casos mortal...).
A lamúria é especialmente curiosa vinda dos comerciantes: então não é que o comércio registou quebras de 50 por cento nos dias da concentração? A somar às sucessivas "perdas" de sucessivos anos (alguém conhece algum "comerciante" que não registe perdas nos últimos dez anos e sempre na casa dos dois dígitos?), é digno de nota que não tenham falido todos...
Já agora... se não estou enganado nos números, só a BT da GNR registou perto de 500 infracções durante o fim-de-semana da concentração motard de Faro!
Pensam que somos parvos? Ou querem-nos fazer disso? Tá tudo doido...
Os fogos e os bombeiros
Ouvi há bocado - à hora do jantar... - a presidente da Câmara de Vila de Rei (ou Sertã, ou algo perto de onde andaram as chamas) a criticar fortemente a actuação dos bombeiros, especialmente no que ao comando diz respeito.
É claro que os bombeiros não gostaram e que se calhar a senhora exagerou nas críticas, o que as torna injustas. Mas parece-me que muita gente que se pavoneia no comando dos bombeiros (pessoas assim, como dizer, do nível distrital para cima) mostra-se muito mais preocupada em aparecer na TV (de preferência de blusão e boné vermelho com um "jipe" como fundo) a mandar uns bitaites num palavreado que talvez já se possa considerar "bombeirês", do que efectivamente coordenar o combate aos fogos.
Admito, humildemente, estar a ser profundamente injusto, mas há muito que desconfio de incompetência na proporção que os incêndios assumem, mesmo conhecendo quão acidentado é o País e quão desordenada está a floresta.
Mas, caramba!, 500 homens, aviões e helicópteros para combater durante três dias um fogo devia dar, pelo menos, para não deixar arder casas...
Mudanças
Uf! Depois de aturadas investigações (e de quase queimar as pestanas no écran do computador), consegui mudar o visual desta coisa para uma coloração mais de acordo comigo. Fantástico...

domingo, julho 20, 2003

Mauzões
Ausente da civilização durante o fim-de-semana, só agora posso deixar aqui a minha revolta quanto ao comportamento dos agentes da Brigada de Trânsito do Algarve.
Então não é que aqueles mauzões resolveram inspeccionar boa parte dos participantes na concentração motard de Faro? Então não é que, não contentes por mandarem parar alguns (espero que muitos...) motoqueiros, ainda se deram ao arrojo de multar uns quantos?
Há direito? Há direito que se importunem uns senhores civilizadíssimos, que se deslocavam sem capacete (uns), com motos sem matrícula (outros) ou mesmo com matrículas falsificadas? Há direito?
Claro que não! E daqui, embora tarde, mando umas palavras de solidariedade para com os oprimidos e perseguidos motociclistas: vão bugiar e tenham vergonha!

sexta-feira, julho 18, 2003

Sobre o Euro 2004
Tá bem! Vou tentar manter o anonimato, mas assumo a naturalidade: sou de Leiria. Vem esta "confissão" a propósito do Euro 2004 e das auditorias mensais que a PriceWaterHouseCoopers (será assim que se escreve?) vem fazendo aos dez estádios do campeonato da europeu de 2004 (tudo aqui).
Pois bem, em Abril passado, a remodelação do estádio municipal de Leiria registava (segundo os auditores) um "atraso global de quatro semanas". Em Maio, esse atraso reduzira-se para apenas uma semana. E agora... plim, plim, a obra está em dia.
Quem liga mais a estas coisas do futebol, deve com certeza lembrar-se do estardalhaço que se fez, periodicamente, em torno do estádio da minha terra. Houve até quem dissesse que o Euro 2004 não devia passar por aqui porque as obras não acabavam a tempo. Tudo isto, sempre, em contraponto com os responsáveis autárquicos, que sempre garantiram a conclusão dos trabalhos a tempo.
Bairrismos à parte, que não são para aqui chamados, ainda um dia gostava de perceber o que de facto se passou: houve de facto interesse em "queimar" Leiria e tudo esteve sempre sob controlo ou as obras estiveram mesmo atrasadas e esta aceleração vai-me sair do bolso?
Curioso, nisto tudo, é dar uma vista de olhos pelos outros estádios. Atrasos, houve em muitos outros e não se fez a mesma barulheira... E agora, surpresa!, vêm os mesmos auditores "descobrir" que o estádio do Bessa (do Boavista FC) não tem os 30 mil lugares exigidos pela UEFA (são menos 1737).
Ora isto é grave. Por um lado, porque esse sim pode ser recusado pela UEFA. Por outro, porque as comparticipações do Estado português aos promotores são calculadas em função do número de lugares: será que o Boavista vai receber menos (quiçá mesmo devolver algum...)? Quem manda mais? o PM Durão Barroso ou o pres. da CM de Gondomar e pai do Loureiro presidente do Boavista?
A imunidade parlamentar
O deputado João Cravinho (socialista, mas falando a título particular) vem defender, aqui, que se deve alterar aquela disposição legal (uma eventual alteração do regime das imunidades deve separar responsabilidades que decorrem exclusivamente do exercício parlamentar de casos "de outra natureza'").
Esta discussão é muito curiosa. A imunidade parlamentar, tal como a conhecemos (nenhum deputado pode ser chamado a Tribunal sem autorização dos seus pares), existe há décadas e raramente foi questionada. Dava, aliás, muito jeito para nem sequer pagar multas de estacionamento...
Agora é criticada a torto e a direito (ou à esquerda e à direita), consoante vem a propósito para enterrar uma farpa nos adversários.
Cravinho até tem razão: o ex-ministro comentava o caso de um famoso deputado do PSD, oriundo de Águeda, que parece ter-se distinguido apenas com "cabo eleitoral" (vulgo cacique) e ofertante de leitões assados a umas quantas individualidades, Cavaco incluído. O dito cujo está metido numa trapalhada qualquer e foge como pode de ir depor presencialmente. Penso até de que só quis ser deputado precisamente para fintar a Justiça, já que aquele tipo de gajo dá-se muito melhor nos bastidores do que à luz do dia.
Mas Cravinho só terá razão plena, ele e todos os que agora criticam a imunidade (ia a escrever impunidade...) parlamentar se, no primeiro dia da nova sessão legislativa (sim, porque os senhores deputados já estão de [longas] férias), apresentar uma proposta de alteração à lei que limite o recurso à habilidade.
Por que será?
Ler a imprensa regional dá-nos acesso a muita informação interessante, mesmo que os ditos jornais o não pareçam.
Hoje, "O Correio de Pombal" (tem site, aqui, mas está desactualizado...) desvenda uma situação no mínimo curiosa.
Então, é assim: o administrador da empresa responsável pela recolha selectiva de resíduos sólidos urbanos revela que a média de recolha de vidro nos seis concelhos em que a empresa actua é de sete quilos por habitante e por ano; todavia, em Pombal, cada habitante deposita, por ano, dez quilos de vidro nos contentores...
Por que será? Se a água e a generalidade dos refrigerantes vêm em recipiente de plástico (pelo que não será do Guaraná...), se as embalagens gordurosas não se devem colocar nos vidrões... resta o vinho! Será?...

quarta-feira, julho 16, 2003

Foguetes II
Reli agora o que escrevi domingo - "O Lis safou-se desta" - e já não me lembrava...
O meu espanto, como a notícia da morte do outro, era um tanto exagerado. Os porqueiros preparavam os foguetes...
Encontro "imediático"
Numa pesquisa no site da Universidade de Coimbra sobre temas de jornalismo, encontrei uma "pérola".
Não sei se resulta de um ataque de hackers, se de uma distracção ou simples erro, mas de facto é surpreendente.
Sigam este link e aí chegados procurem o jornal "on-line" da Licenciatura em Jornalismo...
Foguetes
Os suinicultores de Leiria comemoraram, à sua maneira, o acordo para a despoluição da bacia do Rio Lis. Hoje de manhã, como costume, houve mais uma descarga no afluente do costume (aqui). Estranhos foguetes...
Como de costume, os do costume já estão no local para investigar o caso. Como de costume, vai-se concluir que não se conclui nada: foi uma descarga orgânica, de origem desconhecida. Como de costume, os dirigentes associativos do sector virão lamentar, de ar compungido, mais um atentado ambiental, blá, blá, blá...
Há dias, aqui n'O voo do mocho - "Feios, porcos e maus", 03/07/07 -, defendi que se abatesse todo o efectivo suinícola da região. É o único caminho!

segunda-feira, julho 14, 2003

Ota... de otário
Carmona Rodrigues, o "novo" ministro das Obras Públicas, foi sexta-feira ao Bombarral explicar que, afinal de contas, não tinha dito que o novo aeroporto da Ota não avançaria ou que, se avançasse, seria um mero terminal de voos charters. O governante, ao que leio, foi hoje à Assembleia da República comprometer-se com datas e tudo! As obras começam em 2007, repetiu.
Será para acreditar? Lembra-se alguém do que Durão disse durante a campanha eleitoral: "enquanto houver listas de espera não há novo aeroporto"? E alguém se lembra da posição do ex-ministro Valente de Oliveira? Pois... se calhar ninguém se lembra, mas não era aquela... nem qualquer das de Carmona Rodrigues, que só por si já vai em duas: não à Ota (ao "Expresso") e sim à Ota (no Bombarral e na AR).
É certo que construir um novo aeroporto não é o mesmo que abrir um buraco no chão e construir um fontanário. É certo que não é sequer o mesmo que construir uma estrada. Mas, talvez também por isso, exige-se um pouco mais de firmeza, convicção e, antes disso tudo, trabalho de casa!
De contrário - que é a realidade... - estão a fazer de nós otários.

domingo, julho 13, 2003

Notas soltas
Notas com pronúncia do Norte...
Mais um candidato a PR
Luís Filipe Meneses veio dizer que não disse o que disse ao "Expresso". Veio dizer que não disse que poderia ser candidato à Câmara do Porto. Às TV's disse que não disse o que o "Expresso" disse que ele disse. Disse que o mais provável era abandonar a política activa, ou então concorrer de novo a Gaia, ou ao Porto para fazer das duas uma única cidade.
Não sei bem porquê (...), mas a rábula fez-me lembrar Pedro Santana Lopes, quando um dia foi chorar no ombro do PR, queixando-se de que andavam só a dizer mal dele e que ia abandonar a vida política: depois disso foi presidente da Câmara da Figueira, é presidente da Câmara de Lisboa, vice-presidente do PSD e vai preparando a candidatura a Belém.
Será que o outro quer o mesmo? Ou é só para chatear o Rui Rio?

Heresia
O "Expresso" deu-nos ontem a conhecer uma tal "Filomena", que parece que afinal já era conhecida por ter sido secretária do "papa", ter casado com ele (onde é que já li histórias destas?) e ser a mãe da filha dele. A senhora (que deve de facto ser muito importante, para merecer entrevista "Única"...) queixa-se de tudo e mais umas botas, diz que o "papa" é mau carácter e garante que ele já não manda como dantes.
Tudo aquilo bem espremido, fica-se de facto a saber que a senhora se prepara para trabalhar no Benfica. Quando eu mudar de emprego também quero entrevista no "Expresso"...

Nota sem cheiro...
O Lis safou-se desta
Devia ser notícia e não foi. Este fim-de-semana choveu (é certo que pouco) e não houve nenhuma descarga no Rio Lis. Fiquei chocado: vi todas as aberturas de telejornais e nem um segundo! Chover em Leiria e não haver descarga de suinicultura, desculpem, mas é mais notícia que a camisola amarela do americano na Volta à França.
Deviam ter investigado o que aconteceu aos porqueiros! Para onde foram? Estarão doentes? O País está intrigado...

quinta-feira, julho 10, 2003

PEC 2
Ora bolas! A ministra Ferreira Leite desiludiu-me. Então às 20 horas, em directo nas TV's e rádios, garante que não cede e apanha-me a dormir e promete um 'grupo de trabalho' para analisar o problema dos taxistas!...
É certo que eles vão pagar a primeira prestação do PEC, mas agora os comerciantes também pedem um 'grupo de trabalho', depois hão-de ser outros quaisquer e no fim, desconfio, vai tudo continuar a não pagar ou a pagar muito menos do que deviam.
Senhora ministra... eu também quero um 'grupo de trabalho'! E olhe que já paguei metade do IRS que me cabe para este ano...

quarta-feira, julho 09, 2003

O PEC
No mundo das siglas, vamos lá então a mais esta...
Exactamente!: o Pagamento Especial por Conta, algo que muitos "empresários" estão a contestar vivamente e justificou uma conferência de imprensa da ministra das Finanças à hora do jantar.
Ouço e fico basbaque! Como se não bastasse que quase metade das "empresas" portuguesas funcionem em défice constante sabe-se lá há quantos anos (!), vem agora um conjunto de senhores dizer que não é justo, que não podem pagar, que há os subsídios de férias, que a conjuntura está má, que, que, que...
Salvo erro, houve até um qualquer presidente de uma qualquer "associação empresarial" que ameaçou (!) com o não pagamento dos subsídios de férias aos trabalhadores.
Curioso... Eu lembro-me que periodicamente surge uma notíciazita sobre um qualquer empresário que não entregou no local respectivo as contribuições e descontos dos seus empregados. E isto, salvo erro, é roubo - duplo, no caso, pois lesa o Estado e abotoa-se com o dinheiro dos trabalhadores.
Pois são estes mesmos senhores que andam agora para aí a chorar que não têm dinheiro para começar a pagar IRC! Ora essa?! Não têm o equivamente a vinte contitos por mês? E têm a porta aberta?...
E a mim? alguém me pergunta ao final de cada mês se quero descontar para o IRS? Se aquele dinheiro me faz falta?
Não há limite para a desfaçatez...
(Ainda hei-de encontrar quem me explique como é que com a economia "à beira da catástrofe" se compram tantos topos de gama para umas loiras andarem a passear nas cidades!)

segunda-feira, julho 07, 2003

Feios, porcos e maus
Abatam-se todos os porcos, prendam-se os porqueiros!
Não há, não pode haver, meias medidas. Se uma "classe profissional" não respeita minimamente as regras, se um sector económico só sabe chorar e pedinchar, nada fazendo para auto-regular a sua actividade, acabe-se com ela (classe) e com ele (sector).
Eles são muitos, sabe-se. Mas são muito menos que os outros, os cidadãos que têm que conviver com eles e com a porcaria que produzem e deitam para os cursos de água. A paciência tem limites, a tolerância não é infinita.
E se o diálogo e os alertas, as tentativas de consciencialização falham, restam as medidas drásticas: abatam-se os porcos - todos -, fechem-se as explorações, se necessário com legislação de excepção. Ou a saúde pública não será um dos direitos superiores dos cidadãos e das sociedades?
Se Leiria, há dez meses, teve que fechar as torneiras, pode-se muito bem fechar as portas aos porqueiros. E pode-se, deve-se, responsabilizar quem permite que esta situação se verifique. O Ministério do Ambiente tem de ser directamente responsabilizado. Não pode haver desculpa de falta de dinheiro, de falta de pessoal: mobilize-se a GNR, o Exército, a Judiciária, seja quem for.
Isto não pode continuar a acontecer. E será que as autarquias - a de Leiria em primeiro lugar - admitem continuar a aceitar que o nome dos seus concelhos seja manchado por porcarias destas? Meia dúzia - ou várias dúzias - de energúmenos não podem continuar impunemente a ganhar dinheiro à custa da saúde dos outros, à custa do nome dos concelhos onde estão instalados.
Já chega!

domingo, julho 06, 2003

Fim de semana
Pois... Dá algum mau aspecto deixar um dia em branco, escrevi aqui na sexta-feira. E ficou sábado e ia ficando o domingo, porque foi um fim de semana de descanso para o cérebro: nem jornais, nem rádio, nem televisão. Sol, areia e mar!
Mas de regresso a casa, sempre soube que os porqueiros de Leiria "deixaram correr" mais porcaria para o rio. Aquilo só melhora com medidas radicais: matar-lhes o efectivo e impôr um vazio sanitário até que seja instalado um eficaz sistema de tratamento e eles legalizem definitivamente as pocilgas! Já chega...

sexta-feira, julho 04, 2003

Branca
Sei que não é obrigatório postar todos os dias, muito menos várias vezes ao dia, mas dá algum mau aspecto deixar um dia em branco.
Hoje, porém, deu-me uma "branca" - quem faz/fez rádio sabe - e não tenho assunto. Fica, de qualquer maneira, tapado o buraco.

quinta-feira, julho 03, 2003

Como?
"Portugal tem polícias a mais", concluiu um qualquer inspector geral da coisa... creio que chamado (apropriadamente) Maximiano! Pois...
A malta bem os procura nas ruas... na generalidade sem sucesso! Ele é montes de veículos mal parados, ele é cada um cada vez maior sentimento de insegurança, ele é... todos sabemos! Mas um qualquer iluminado vem dizer que há "chuis" a mais. Das duas uma: ou há chuis a mais nas esquadras (e devem vir para a rua), ou o Maximiano qualquer coisa está tantan... e deve ir ele para a rua.

"O estado da oposição é pior que o estado da nação", terá dito o primeiro-ministro na Assembleia da República. O que não coincide de todo com (mais) uma sondagem hoje divulgada, que põe o PS largamente à frente do PSD. Já aqui escrevi que somos vários países: num só período de sete dias, três sondagens desmentem-se sucessivamente umas às outras. O mal não é Durão Barroso dizer o que disse (faz o seu papel...): o mal é que instituições que se supunha serem independentes aumentam a confusão. Será isto apenas uma amostra?...

Os "empresários" estão muito preocupados com o "pagamento especial por conta"! Dizem que não se aguentam e ameaçam não pagar o 13º mês aos seus "colaboradores"... Não percebo tanta choradeira! Será possível que haja em Portugal uma única empresa que não consiga suportar um montante anual mínimo de 1200 euros?
Desculpem! Claro que há... Muitas até: todas as cujos donos compraram os BMW, Volvo, Mercedes, barcos, BMW, Volvo, Mercedes, barcos...
Haja vergonha!

quarta-feira, julho 02, 2003

Vida má
Começou mal, o mês de Julho! Trabalho, trabalho, trabalho. Pouco tempo livre, mesmo mentalmente, sequer para ouvir notícias, quanto mais para pensar na vida. Por isso este "diário" está quase às moscas. Só um postezito, para justificar a sua existência e provar que continuo vivo.
Dormi tão a correr - um amigo ensinou-me há anos que nunca se dorme pouco... dorme-se é mais ou menos depressa - que nem consegui ouvir decentemente as notícias. Fixei apenas que Portugal tem mais concelhos - para alegria de uns e desespero de outros - mais cidades e mais vilas.
O que é um paradoxo (ou mais...).
Em primeiro lugar, continuam-se apenas a satisfazer clientelas (em nome do "cumprimento de promessas eleitorais"), sem curar de saber se se justifica pulverizar ainda mais a administração local.
Em segundo lugar, não percebo por que não se extinguem outros concelhos, manifestamente demasiado pequenos para se justificar a respectiva existência.
Em terceiro lugar (em boa verdade talvez em primeiro...) a par da criação de novas cidades e vilas, o Parlamento devia decretar o fim/extinção de aldeias: talvez tivessem mais cuidado na aprovação de alguma legislação e olhassem de outra maneira para a galopante desertificação do País (que já não apenas do chamado interior).
Vejam a lista de escolas a encerrar, divulgada ontem, e reparem que são às centenas, até em distritos do "litoral".
Acreditam que alguém queira ir viver para uma povoação que nem sequer escola tem? Pois é: deviam ser consequentes. Decretado o fecho da escola, deviam lá voltar uns anos depois para fechar o que restará da aldeia e riscá-la do mapa.
Recuso-me a admitir como ciência certa que seja melhor para as crianças deslocarem-se para aceder a equipamentos impossíveis de disponibilizar em todas as escolas. Talvez seja assim, mas neste caso a política certa era apostar no "esvaziamento" das cidades, demasiado povoadas para serem sítios agradáveis para viver.
Pouco me importa que contra-argumentem com o estafado exemplo europeu: se o querem verdadeiramente seguir, vejam que "lá fora" a concentração citadina está a provocar aumentos galopantes de violência e insegurança. Estamos a tempo de aprender com os erros alheios...
Já agora: se se fecham escolas por terem "clientes" a menos para funcionarem bem, ao lado criam-se "micro-concelhos"? Então aqui não se aplica o princípio da optimização de recursos?...

terça-feira, julho 01, 2003

Paradoxo
Ouvi hoje de manhã na TSF, a propósito dos 100 anos da Volta à Fraça em bicicleta. Um qualquer ex-corredor português, que já correu a prova, falou nos enormes sacrifícios que passam todos os atletas, mesmo aqueles que só querem "chegar a Paris". Não consigo perceber que raio de prazer se tira de tantos sacrifícios...