terça-feira, janeiro 15, 2008

O aeroporto da Ota será em Alcochete
A frase não é minha, mas resume exemplarmente o que vamos ter!
Acabei de ouvir (mais que ver) o 'Prós e contras' e, finalmente, fiquei esclarecido... Mas podiam ter dito mais cedo!
Podiam ter dito que o que estava em causa era um 'modelo de desenvolvimento' e não a construção de um aeroporto para o País.
Podiam ter dito que pouco importa onde moram (ou para onde se dirigem) os passageiros que vão utilizar o dito cujo.
Podiam ser claros e ter dito mais cedo...
Foram precisos todos estes anos e larguíssimos minutos do programa, para ouvir dizer (só na terceira parte...) que a escolha de Alcochete tem a ver com a 'revitalização' de uma região que há 30 anos (melhor, desde o 25 de Abril de 1974) entrou em decadência e com um Alentejo a precisar de 'vitaminas' para estancar a crescente desertificação (como se não tivesse sempre tido um povoamento difuso...).
Depois disto, e de Henrique Neto ter mostrado o mapa ibérico do TGV (o 'nosso' dá umas voltas para passar por Badajoz e chegar a Cáceres), percebi tudo: andámos entretidos a discutir a localização do aeroporto enquanto os 'sábios' estudavam (e punham no terreno) um modelo de desenvolvimento (e repovoamento) completamente secreto e que, portanto, não podia ser discutido.
Creio que foi Fonseca Ferreira (de quem eu até não gosto) a dar a chave (e eu não reparei...): disse ele que a opção por Alcochete significava a escolha de um aeroporto para uma região, enquanto a opção pela Ota se traduzia num aeroporto para um país.
Sinto-me completamente enganado e gostava de saber como se sente João Ferrão, secretário de Estado do Ordenamento, que vem defendendo um modelo de desenvolvimento assente no eixo litoral entre Braga e Setúbal... precisamente a zona que melhor servida ficava pela opção Ota.
Andámos anos a discutir localizações, números de pistas e de passageiros, custos, etc, quando o que afinal estava em causa era algo completamente diferente: perante a crise de natalidade que afecta genericamente o 'mundo ocidental' e especificamente Portugal, o Governo prepara-se para 'decretar' uma migração em massa do Norte para o Sul.
Sim, porque se as oportunidades vão surgir a Sul do Tejo e não nasce gente suficiente, a que há vai ter que se mudar. Ou estão a pensar abrir as portas à emigração???
Apetece-me acabar com uma 'barbaridade'... É irónico que seja um ex-comunista a protagonizar uma política que só é necessária porque o PCP ajudou substancialmente a destruir as estruturas existentes naquela região!
(Correcção: a afirmação acima reproduzida e atribuída a Fonseca Ferreira, foi efectivamente proferida por José Reis, professor da Universidade de Coimbra; as minhas desculpas)