sexta-feira, agosto 01, 2003

Os generais no seu labirinto
Os senhores generais que ontem se reuniram para jantar concluíram que o ministro da Defesa é réu de “tentativas de intromissão” em áreas de competência das esferas militares (ler, por exemplo, aqui e aqui). É solene... Com que então o ministro da Defesa (que penso que ainda tem a tutela sobre as Forças Armadas) tentou intrometer-se em áreas reservadas aos militares! Tribunal de guerra com ele, já!
Os senhores generais concluíram mais. Concluíram que se agravou a “grande carência orçamental do Exército”. Acredito, mas pergunto-me se as Forças Armadas são uma ilha no País, que não tenha, como os outros, de respeitar algumas restrições financeiras.
Os senhores generais alongam ainda as suas razões, falando de uma “confiança ética” que os políticos têm de merecer dos comandos da tropa. Os senhores generais pensarão que estamos em 1974 e 75, com a Junta de Salvação Nacional e o Conselho da Revolução? Não estamos e já somos adultos!
Antes de se sentar à mesa, o senhor general Garcia dos Santos terá garantido que o jantar não tinha qualquer “intenção política”. Claro que não! Encontraram-se por acaso e, por acaso, resolveram mostrar que existem já que, ainda segundo aquele senhor general, “sempre que passamos para a reserva somos esquecidos”.
Mas melhor é a justificação de Ramalho Eanes para a sua presença: é um “cidadão empenhado”! Eu também sou e, no entanto, não fui convidado. Será que se esqueceram ou é por nunca ter usado farda?

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