quarta-feira, janeiro 17, 2007

Sobre a 'sentença' de Torres Novas II
Perante o alarido que vai por aí em torno deste caso, só falta, para ficar tudo meridianamente claro, que quem neste caso defende os 'direitos' de um pai que só depois de obrigado soube que o era seja igualmente defensor(a) do direito ao aborto por decisão unilateral das mulheres!...
Porque, afinal de contas, o que a mãe deste criança fez foi o que muitos(as) partidários(as) do 'sim' defendem: a barriga era dela e fez 'dela' o que entendeu - entregou a criança a alguém da sua confiança.
Alguma coisa a opor?

terça-feira, janeiro 16, 2007

Sobre a ‘sentença’ de Torres Novas
Já se sabia que ia acabar assim o julgamento de um indivíduo que, em nome da protecção de uma criança confiada à sua guarda, se recusa a revelar onde a protegeu contra o ‘interesse’ do ‘pai biológico’ (seja lá o que isto for no caso em apreço…)
Mas não é por já se saber como ia acabar que sinto menos revolta.
Admito que o colectivo de juízes não podia agir de outra forma, dado o ‘crime’ (ou os ‘crimes’) de que o sujeito vinha acusado.
Mas, como muito bem observou Inês Pedrosa na “Única” (“Expresso” de sábado passado), não só haverá uma contradição entre as duas ‘acusações’ formuladas como, e principalmente, o que está em causa é a protecção de um direito maior: o direito de uma criança de 4 ou 5 anos ser protegida, no único ambiente familiar que conhece, contra um ‘pai’ que começou por recusar sê-lo (é bom notar que a criança foi originalmente registada como filha de pai incógnito, por o energúmeno recusar assumir o resultado de uma relação passageira e fortuita) para, depois de um teste de ADN, vir a correr dizer que queria a criança, por… assim ter alguma coisa sua!
Admito que o Tribunal de Torres Novas tinha que apreciar os termos da acusação, mas, com a sentença (seis anos de prisão!), mostrou que não enquadrou a situação, não cuidou do direito da criança… Defende Inês Pedrosa no texto que já referi que o tribunal (qualquer tribunal) está obrigado a defender, em primeiro lugar, os direitos ‘maiores’, como será o desta criança.
Este colectivo de Torres Novas, presidido por uma mulher, aparentemente não seguiu esta tese. Andou mal.
E eu, que não conheço o condenado, tenho pena disso mesmo: de não o conhecer, para lhe poder manifestar pessoalmente a admiração e solidariedade que aqui deixo para (quase) ninguém ler…

Sobre o QREN (ou lá como se chama)
Sexa o primeiro-ministro apresentou há poucas horas o QREN (ou lá como se chama o futuro quadro comunitário de apoio).
Não conheço para além de umas linhas muito gerais que, aliás, já ouvi referir há muito. Parece que privilegia os investimentos em anos pré-eleitoral e eleitoral, que vai ‘apostar’ na formação e educação e que só contempla investimentos supra-municipais.
Quanto à aposta no calendário eleitoral… surpresa nenhuma, porque deste governo e deste PS não se espera outra coisa.
Quanto à prioridade na formação e na educação… admito que há que esperar para ver.
Quanto ao financiamento apenas de investimentos supra-municipais, meus caros que (não) me lêem, “saltou-me a tampa” quando ouvi os comentários de um tal Sérgio Figueiredo, parece que director de um qualquer ‘jornal económico’ no Telejornal (sim, o da RTP! Os outros noticiários não se chamam assim). Considera o indígena que esta restrição é qualquer coisa de piramidal, quiçá mesmo ‘ri-fixe’, que – até que enfim! – os autarcas vão deixar de poder construir pavilhões e outros equipamentos em todos os Concelhos!
Este tipo de argumentação é cretino, estúpido, centralista, egoísta e muitas outras coisas que não escrevo! Este tipo de argumentação é típico de gente que habita em Lisboa ou no Porto, com tudo ao pé da porta.
Este tipo de argumentação revela o salazarismo que há em tanta e tanta gente! Portugal é Lisboa (e, vá lá, o Porto…) e o resto é habitado por uns pacóvios que deviam agradecer permanentemente a ‘graça’ de serem governados por estas azémolas. Para estes colonialistas, tudo está bem desde que investido em Lisboa (muito) e no Porto (menos, mas alguma coisa). O resto… o resto se quiser civilizar-se que vá viver para as ‘áreas metropolitanas’ de Lisboa e do Porto.
Apetece-me partir a cabeça a estas bestas! Apetece-me alinhar com um qualquer movimento radical de protesto. Apetece-me entrar pela televisão dentro e dar voz à revolta.
Pavilhões? Sim, em Lisboa e no Porto; em Porto de Mós? Nem pensar, vão a Leiria!
Piscinas? Sim, no Porto e em Lisboa; em Mirandela? Nem pensar, vão a Bragança!
Teatros, cinemas? Sim, imensos ‘multiplex’ em Lisboa e no Porto; em Mangualde? Nem pensar, vão a Viseu!
Ah! É verdade… Parece que neste tal de QREN metade da verba é para construir o TGV! De onde para onde? De Lisboa para o Porto e vice-versa…

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sobre o naufrágio 'na Nazaré'
Hesitei em comentar algo sobre o acidente do barco de pesca ao largo 'da Nazaré': morreram homens, há famílias de luto...
Mas a quase ausência de apreciações sobre o comportamento dos pescadores decidiu-me!
Em primeiro lugar, e por uma questão de precisão, o naufrágio não aconteceu 'na Nazaré' mas numa praia do Concelho de Alcobaça (por isso é que foram chamados os bombeiros de Pataias, e não os da Nazaré).
Em segundo lugar, sou testemunha dos abusos sistemáticos daquele tipo de barcos de pesca nas águas do litoral do Distrito de Leiria (onde resido e que conheço razoavelmente); provavelmente os pescadores só evitam aproximar-se da costa na zona de São Pedro de Moel e da Nazaré, devido à existência de rochas; o resto é de areias, logo convidativa... Esta forma de actuação contraria as regras e, concomitantemente, prejudica os resistentes da arte xávega.
Em terceiro lugar, ficou claro que os tripulantes do barco não usavam os coletes de salvação.
Por isso, parece-me deslocada e naturalmente exagerada a responsabilização das 'autoridades' neste caso.
Por muito que custe, não aconteceu nada de substancialmente diferente de um acidente de automóvel: o barco 'despistou-se' e os tripulantes não usavam 'cinto de segurança' (como muito bem foi observado por um especialista de que não fixei o nome, creio que na SIC). Ora, se no caso dos acidentes de automóvel geralmente não se responsabiliza o tempo de chegada dos meios de socorro (pelo contrário, a culpa é sempre do 'excesso de velocidade'), por que razão no caso deste barco terá que ser diferente?
O que choca (mas não é de agora...) é a completa ausência de fiscalização da actividade da pesca. Armadores e pescadores fazem o que querem, quando querem, onde querem na mais completa impunidade: se não há dinheiro para barcos, ao menos a Polícia Marítima podia usar binóculos...
('Adaptado' de comentários enviados para o Abrupto e o Portugal dos Pequeninos)