quarta-feira, julho 02, 2003

Vida má
Começou mal, o mês de Julho! Trabalho, trabalho, trabalho. Pouco tempo livre, mesmo mentalmente, sequer para ouvir notícias, quanto mais para pensar na vida. Por isso este "diário" está quase às moscas. Só um postezito, para justificar a sua existência e provar que continuo vivo.
Dormi tão a correr - um amigo ensinou-me há anos que nunca se dorme pouco... dorme-se é mais ou menos depressa - que nem consegui ouvir decentemente as notícias. Fixei apenas que Portugal tem mais concelhos - para alegria de uns e desespero de outros - mais cidades e mais vilas.
O que é um paradoxo (ou mais...).
Em primeiro lugar, continuam-se apenas a satisfazer clientelas (em nome do "cumprimento de promessas eleitorais"), sem curar de saber se se justifica pulverizar ainda mais a administração local.
Em segundo lugar, não percebo por que não se extinguem outros concelhos, manifestamente demasiado pequenos para se justificar a respectiva existência.
Em terceiro lugar (em boa verdade talvez em primeiro...) a par da criação de novas cidades e vilas, o Parlamento devia decretar o fim/extinção de aldeias: talvez tivessem mais cuidado na aprovação de alguma legislação e olhassem de outra maneira para a galopante desertificação do País (que já não apenas do chamado interior).
Vejam a lista de escolas a encerrar, divulgada ontem, e reparem que são às centenas, até em distritos do "litoral".
Acreditam que alguém queira ir viver para uma povoação que nem sequer escola tem? Pois é: deviam ser consequentes. Decretado o fecho da escola, deviam lá voltar uns anos depois para fechar o que restará da aldeia e riscá-la do mapa.
Recuso-me a admitir como ciência certa que seja melhor para as crianças deslocarem-se para aceder a equipamentos impossíveis de disponibilizar em todas as escolas. Talvez seja assim, mas neste caso a política certa era apostar no "esvaziamento" das cidades, demasiado povoadas para serem sítios agradáveis para viver.
Pouco me importa que contra-argumentem com o estafado exemplo europeu: se o querem verdadeiramente seguir, vejam que "lá fora" a concentração citadina está a provocar aumentos galopantes de violência e insegurança. Estamos a tempo de aprender com os erros alheios...
Já agora: se se fecham escolas por terem "clientes" a menos para funcionarem bem, ao lado criam-se "micro-concelhos"? Então aqui não se aplica o princípio da optimização de recursos?...

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