sexta-feira, julho 25, 2003

Merda para o ministro
Não gosto de usar aqui linguagem mais "livre" mas, francamente, neste caso é uma forma de protesto.
A Quercus entregou (ou vai entregar) dois baús de esterco de porco ao ministro da Agricultura. É justo, mas é pouco: devia ser mais porcaria e devia ser para mais ministros (actuais e anteriores), de mais pastas, para alguns dirigentes intermédios da administração pública (por exemplo directores regionais da agricultura, ambiente e economia) e, até, alguns "dirigentes ambientalistas" - que se comportam como a comunicação social: só se lembram da poluição quando ela cheira mais mal.
De facto, alguém se lembra de algum trabalho continuado de denúncia, por exemplo durante o Inverno? Claro que não, mais que não seja porque durante o Inverno há mais água nos rios e ribeiros e, portanto, a porcaria estando lá não cheira.
Suiniculturas há-as um pouco por todo o País, mais aqui que ali, mas tão poluente acolá como acoli. "Desregulação" (será um eufemismo para irresponsabilidade), há, portanto, em todo o País. E culpas... principalmente culpas.
Das Câmaras que, se licenciam as construções, as licenciam para fins diferentes (nos anos 80 eram barracões para alfaias agrícolas...); dos serviços do Ministério da Agricultura, que não fiscalizam os efectivos nem onde eles se encontram; dos serviços do Ministério do Ambiente, que fazem que veêm mas não veêm, se veêm não actuam, se actuam não se nota.
Os ambientalistas, lamentavelmente, também saem sujos de toda esta história. Porque parecem mais preocupados com o show-off do que com a eficácia da acção.
Esta acção da Quercus (por acaso ignorada pelo seu próprio site...) peca, portanto, por tardia: ganham mais uns minutinhos de glória televisiva, mas perdem precisamente por parecer que só se preocupam com as aparências.

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