quinta-feira, outubro 09, 2003

Pedroso absolvido
Vinte e quatro horas após a libertação de Paulo Pedroso, fica claro o objectivo que norteou os socialistas na "manif" de ontem.
De facto, e como já foi sublinhado por aqui pelos blogs, será normal que um indivíduo depois de quatro meses e meio de prisão não vá a correr ao encontro da família?
Pois foi: Paulo Pedroso dirigiu-se de imediato à Assembleia da República - e não colhe aquela de que "foi aqui que o vieram buscar é aqui que ele regressa" - e ainda passou pela sede do PS antes de ir ter com os familiares.
Aquela alegria toda, é bom que fique claro, é absolutamente natural entre amigos. Tanto mais quanto, mesmo que apliquemos apenas o princípio do Direito - "qualquer indivíduo é presumível inocente" -, os seus camaradas põe as mãos no fogo por ele.
O que já não é normal é toda aquela encenação e o conjunto, alargado, de afirmações que tentam induzir a absolvição de quem continua arguido de um processo-crime. Aquilo pareceu-se de mais com uma forma de pressão. Aquilo pareceu-se de mais com uma atitude revanchista: estão a ver? Nós é que sabemos!
Em tempo de todas as citações, fica aqui mais uma: "à mulher de César não basta...". Para dizer que é bom não esquecer que o irmão de Paulo Pedroso era membro do Conselho Superior de Magistratura. Para dizer que o senhor Presidente da República tem falado de mais sobre Justiça, prisão preventiva, poderes de investigação e direitos dos suspeitos/arguidos.
É de mais. Permito-me citar aqui a conclusão de um inquérito de rua que a SIC acabou de emitir (sabendo que os inquéritos de rua valem pouco...): a maioria das opiniões transmitidas critica o "arraial" socialista de ontem.
Ainda um parágrafo sobre o deputado Jorge Lacão, socialista e presidente da Comissão Parlamentar de Ética: percebe-se que o socialista esteja muito satisfeito com a libertação do seu camarada; entende-se que o deputado não o esconda; é incompreensível que o presidente da Comissão Parlamentar de Ética tenha ido buscar Paulo Pedroso à cadeia e tenha dito o que disse à saída da reunião da Comissão a que preside.
É a cereja no cimo do bolo: o PS julga que já ganhou. E fez pior por Paulo Pedroso do que a suspeita que sobre ele recai. A juntar a esta, agora soma-se a de ter feito a Justiça funcionar a seu favor porque é "poderoso".
Não havia necessidade...

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