terça-feira, março 01, 2005

Os tolos da minha cidade
Aqui há uns meses – talvez já mais de um ano – um grupo de ‘espertos’ da minha cidade movimentou-se contra a intenção camarária de construir um túnel no centro da urbe.
O projecto tinha em vista facilitar a comunicação apeada entre a zona mais antiga – o ‘centro histórico’ – com o jardim e o rio, permitindo, ao mesmo tempo, que o trânsito automóvel numa das principais artérias não fosse muito prejudicado.
Quando esta ideia foi discutida pela primeira vez na Câmara – alguns anos antes – a única dúvida levantada tinha a ver com o ângulo da curva que o dito cujo túnel deveria fazer... Nessa ocasião, nem uma voz da dita ‘sociedade civil’ se levantou, contra ou a favor.
Passou o tempo e, então, um conjunto de ‘iluminados’ descobriu os malefícios do supracitado túnel. Que não havia necessidade, que era uma obra megalómana, que ia ser construído em leito de cheia, que, que... E a Câmara, ‘obediente’, lá abandonou a ideia, mantendo – com a concordância daquele grupo – a ideia de abolir o trânsito na também já referida rua. O que significa, estava bem claro, a divisão da cidade em duas, isolando precisamente a área mais deprimida: precisamente o ‘centro histórico’.
Entre o grupo de ‘espertos’ contavam-se intelectuais bem falantes, arquitectos, engenheiros, políticos (até da maioria PSD) e o presidente da associação comercial.
Entretanto foram-se passando os meses e começa-se agora a perspectivar o corte do trânsito, desviando-o para uma artéria que, em boa verdade, nem com obras vai aguentar o trânsito que agora atravessa o centro do centro da cidade.
Neste interim, aconteceram também eleições na associação comercial. Curiosamente, também antecipadas, porque o presidente de serviço caiu em desgraça, provavelmente porque quis ser engraçado...
E agora... pasmem!... os novos dirigentes dos comerciantes prometem forte contestação ao corte do trânsito! Exigindo, naturalmente, que se deixe ficar tudo como está. Ou melhor, como estava antes das obras – que decorrem – de construção de um parque subterrâneo de estacionamento.
Argumentam eles – e com alguma razão, digo eu – que o corte do trânsito vai matar o que resta das actividades no centro histórico. À crise que se vive, suceder-se-á, inexoravelmente, a desertificação total.
Pois é! Os comerciantes têm razão. Agora.
Mas não tinham pensado nisto quando o seu presidente andou a lutar contra o túnel e a propor o desvio do tráfego para longe? Não repararam? Não pensam? Por que não se manifestaram, em devido tempo, contra a ‘ideia’ do seu presidente?
Pois... E míope sou eu...

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