quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sobre o naufrágio 'na Nazaré'
Hesitei em comentar algo sobre o acidente do barco de pesca ao largo 'da Nazaré': morreram homens, há famílias de luto...
Mas a quase ausência de apreciações sobre o comportamento dos pescadores decidiu-me!
Em primeiro lugar, e por uma questão de precisão, o naufrágio não aconteceu 'na Nazaré' mas numa praia do Concelho de Alcobaça (por isso é que foram chamados os bombeiros de Pataias, e não os da Nazaré).
Em segundo lugar, sou testemunha dos abusos sistemáticos daquele tipo de barcos de pesca nas águas do litoral do Distrito de Leiria (onde resido e que conheço razoavelmente); provavelmente os pescadores só evitam aproximar-se da costa na zona de São Pedro de Moel e da Nazaré, devido à existência de rochas; o resto é de areias, logo convidativa... Esta forma de actuação contraria as regras e, concomitantemente, prejudica os resistentes da arte xávega.
Em terceiro lugar, ficou claro que os tripulantes do barco não usavam os coletes de salvação.
Por isso, parece-me deslocada e naturalmente exagerada a responsabilização das 'autoridades' neste caso.
Por muito que custe, não aconteceu nada de substancialmente diferente de um acidente de automóvel: o barco 'despistou-se' e os tripulantes não usavam 'cinto de segurança' (como muito bem foi observado por um especialista de que não fixei o nome, creio que na SIC). Ora, se no caso dos acidentes de automóvel geralmente não se responsabiliza o tempo de chegada dos meios de socorro (pelo contrário, a culpa é sempre do 'excesso de velocidade'), por que razão no caso deste barco terá que ser diferente?
O que choca (mas não é de agora...) é a completa ausência de fiscalização da actividade da pesca. Armadores e pescadores fazem o que querem, quando querem, onde querem na mais completa impunidade: se não há dinheiro para barcos, ao menos a Polícia Marítima podia usar binóculos...
('Adaptado' de comentários enviados para o Abrupto e o Portugal dos Pequeninos)

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