quinta-feira, janeiro 27, 2005

Idiota útil
Uma ‘definição’, para começar. Os termos ‘idiota’ ou ‘idiotas’ a partir daqui usados são-no na acepção popular (de parvo e afins) e não na definição etimológica de ‘pessoa (ou pessoas) com ideias’.
Ouvi, e já li, sem espanto, que Freitas do Amaral anuncia que vai votar PS no próximo dia 20 de Fevereiro. O fundador do CDS, que se definiu então como "rigorosamente ao centro", um dos pais do segundo governo de Mário Soares, o homem que regressou à liderança do partido para o ajudar a conduzir à quase ínfima espécie, o homem que polarizou a direita contra a esquerda e foi derrotado por Mário Soares, é agora apoiante do PS de Sócrates.
O senhor professor doutor confirma assim um caminho que se adivinhava há muito e que teve um dos episódios mais visíveis na sua grandiosa peça de teatro em que tentou demarcar-se do regime anterior ao 25 de Abril de 1974.
O senhor professor doutor nunca foi homem da minha simpatia. Nunca gostei do seu ar meio beato meio farisaico, não me esqueço do seu papel no fim da AD, quando transformou uma pequena vitória eleitoral numa enorme derrota.
Não me esqueço dos contornos da campanha eleitoral presidencial do senhor professor doutor, de quem se colocou ao lado dele, de quem o apoiou, dos interesses que ele representava. Não me esqueço e cada vez mais gosto de me lembrar da sua derrota – dele e dos seus apoiantes.
O senhor professor doutor de há muito dá sinais de ser ter passado. Principalmente a partir do momento em que Mário Soares o meteu no bolso, fazendo dele presidente de uma inutilidade – a Assembleia Geral da ONU. Sua excelência julgou-se o maior do mundo e, a partir daí, transfigurou-se. Uns meses de luxo em Nova Iorque deram-lhe a volta à cabeça.
O senhor professor doutor, que nunca passou de um político mediano feito (ou tolerado) por Adelino Amaro da Costa, opina sobre tudo e sobre nada, cortou oportunisticamente com a sua família política – provavelmente até cortou duas vezes, a primeira das quais assim que acordou no dia 25 de Abril de 1974... –, colando-se ao sítio de onde pensa que lhe virão maiores vantagens.
É o perfeito idiota útil. Versão século XXI dos "compagnons de route" do ‘anti-fascismo’ comunista.
Tal como sempre desconfiei o senhor não presta para nada. Minto! Presta para isto...
Adenda: Depois de um curto raid sobre alguns blogs, e de reler o que escrevi, vejo-me obrigado a declarar, solenemente, que nunca jamais em tempo algum votei no perfeito idiota. O que escrevi foi motivado apenas pelo nojo que a personagem me provoca.

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